Matéria / Polícia

Polinter registra falsa comunicação de roubo ou furto e alerta população para crime

No Piauí, o delegado Éverton Férrer relata que os casos de falsa comunicação de roubo ou furto de veículo estão relacionados, principalmente, com a não transferência de documentos de um proprietário para outro. 

10/11/2018 | Edivan Araujo
Sede da Polinter / Foto: Cidadeverde

Pelo menos uma vez por mês a Polinter (Serviço de Polícia Interestadual) gera um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por falsa comunicação de crime. No Piauí, o delegado Éverton Férrer relata que os casos de falsa comunicação de roubo ou furto de veículo estão relacionados, principalmente, com a não transferência de documentos de um proprietário para outro. 

O delegado explica que algumas pessoas vão à sede da Polinter, localizada no bairro Dirceu Arcoverde, na Zona Sudeste de Teresina, para registrar boletins de ocorrência com a finalidade de resolver questões contratuais e comerciais. 

Férrer exemplifica a situação: "uma pessoa compra o carro e não tem mais condições de arcar com o pagamento (do financiamento), repassa para uma segunda pessoa, que chega a repassar para uma terceira ou quarta, que também não paga, e assim gera uma cadeia. Em determinado momento, uma dessas sofrerá sanções administrativas no veículo, como receber multas e cobranças", conta o delegado.  

Por estar inserido em uma cadeia de compra e venda, a pessoa que busca registrar a falsa comunicação de roubo ou furto pode ser o primeiro proprietário ou o segundo ou terceiro etc; a Polinter já atendeu em várias etapas. 

"Então, a pessoa vem a Polinter, em um momento de desespero, e quer registrar o boletim de ocorrência na tentativa de cessar as cobranças e faz um boletim de roubo ou furto, que ela sabe que não ocorreu ", acrescenta Férrer.

Orientação

Férrer ressalta que a orientação repassada na Polinter é de que as pessoas ao viver esse tipo de situação busquem a esfera civil.  Nesse tipo de ocorrência pode até ocorrer a possibilidade de estelionato, mas é preciso ser avaliado pelo Distrito Policial, não pela Polinter. 

"As pessoas precisam procurar a esfera civil para o bloqueio judicial. Com isso, o veículo será apreendido de maneira legal", reforça Férrer. 

Registrar falsamente um crime gera "transtorno para a própria população", afirma o delegado. 

"O fato da pessoa registrar falsamente o crime movimenta a polícia para uma ocorrência que não existe. Ao invés da investigação está concentrada em ocorrências que realmente ocorreram, pegamos uma equipe inteira (da Polinter) e movimenta o Estado para um fato que não existiu, gerando um prejuízo à polícia e para própria população".

 


Delegado Éverton Férrer (Foto: Catarina Malheiros/Cidadeverde.com)

Abordagem Policial 

O delegado esclarece que a falsa comunicação poderá resultar no "bloqueio do automóvel e colocar em risco às pessoas de boa fé que andam no veículo ou na moto sem ter praticado roubo ou furto". 

O risco acontece porque o condutor poderá sofrer uma abordagem policial. "Os policiais farão a abordagem já que o condutor está  em posse de um suposto objeto de crime quando, na verdade, não houve crime algum". 
 
Local de crime 

Os riscos de não transferir corretamente os documentos estão em ser inseridos em um possível local de crime como acidentes de trânsito, assalto a banco e homicídios já que a investigação buscará pelo proprietário presente no sistema por meio da placa do veículo.

A polícia buscará a pessoa que possui o nome no documento para esclarecimentos, mesmo que ela não esteja envolvida com o crime, pontua o delegado.
 


Veículos recuperados são entregues apenas para o proprietário com nome em documento oficial

Detenção e Multa 

O delegado Éverton Férrer alerta que o Código Penal dispõe em seu artigo 340 que "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe  não se ter verificado: pena - detenção, de um a seis meses, ou multa".

Por isso, Férrer ressalta a importância de sempre oficializar a transferência do veículo. Outro detalhe é a recuperação dos veículos que, de fato, são roubados e furtados, pois a Polinter apenas restitui os proprietários que estão oficialmente registrados no documento e no sistema. 


veículos recuperados são entregues apenas para o proprietário com nome em documento oficial

Dados

Somente no ano de 2018, a Polinter registrou, entre os meses de janeiro a outubro, 631 roubos de carros e 1.841 roubos de motocicletas. Até o momento, o mês em que mais ocorreu registro de roubo de carro foi em setembro, como 98 casos, e de motos o mês foi julho, com 217 boletins de ocorrência. Com relação ao número de recuperação, a Polinter já conseguiu recuperar 80 veículos (carros e motos).

Os casos de furtos também chama a atenção.  No mesmo período, a Polinter registrou 164 furtos de carros e 1.453 de motos. 

As regiões em que mais tiveram furto/roubo de motos foram a Sul (região do Angelim) e a Norte (região da Santa Maria); e de carro foram Centro, Sudeste (região do Dirceu) e Leste (região do Morada do Sol). 

As principais vítimas são mulheres e idosos, principalmente quando estão sozinhos no automóvel.  O roubo acontece com mais frequencia no momento em que os condutores estão saindo ou entrando em casa. O delegado pede que as pessoas tenham mais cuidado. 

Para denunciar

Para uma resposta mais rápida às vítimas, a Polinter disponibiliza o número 86 9 9586 6531, que funciona apenas para mensagens via Whatsapp. 

Informações sobre roubo e furto, veículos abandonados ou de suspeitos pela prática do crime poderão ser repassadas à polícia. O sigilo da fonte ficará mantido. 

 

Por Carlienne Carpaso

Com informações do Cidade Verde

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