Matéria / Concursos

Resultado do Concurso de Poesia realizado pela ALERP

Um dos eventos em comemoração aos 30 anos de fundação da ALERP foi à realização do Concurso de Poesia

17/12/2019 | Edivan Araujo
Divulgação do resultado / Foto: Reprodução

Academia de Letras da Região de Picos – ALERP, no dia 22 de outubro de 2019 completou 30 anos da sua fundação e, dentro da programação do aniversário, os acadêmicos elaboraram uma vasta programação para ocorrer ao longo do ano.

Um dos eventos em comemoração aos 30 anos de fundação da ALERP foi à realização do Concurso de Poesia. O Edital nº 01/2019 tornou público o certame no dia 28 de junho de 2019 e, o resultado e entrega da premiação ocorreram no sábado, do dia 26 de outubro de 2019, dentro da programação do XVI – Seminário de Literatura Piauiense e o XIII – Seminário de Literatura Picoense, ocorrido nos dias de 25 e 26 de outubro do corrente ano.
 
Os textos foram apreciados por uma Comissão Julgadora composta por 02 (dois) membros da ALERP e uma professora da área de Linguagem, e tiveram plena autonomia para julgar, não cabendo recurso das suas decisões. Foram selecionados três poemas e classificados em 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria (Infanto-Juvenil e Adulto).

Vencedores, Poemas e Categoria:

VENCEDORES – CATEGORIA INFANTO-JUVENIL
Deixe-me 
Essa é a imagem do sertão 
Meu Grande Sonho


1° Lugar

DEIXE-ME

Deixe-me amar
Deixe-me sonhar
Deixe-me cartas
Deixe-me ser quem eu sou 

Porque hoje é o dia da minha morte,
E com lágrimas nos olhos, 
A mão no coração, eu imploro.

Deixe-me viver.

Pois, se eu morrer, 
Que meu maior arrependimento 
Seja não ter sido quem eu sou.

Pseudônimo: Mimi
Autora: Yasmim Gonçalves da Silva
U.E. Teresinha Nunes
Cidade: Picos-PI



2° Lugar

ESSA É A IMAGEM DO SERTÃO

Um vento que se sente e arrepia
Paisagens que encantam ao olhar
E a folha que desce a bailar
De acordo a árvore lhe solta
O cheirinho que flui da grande rosa
Que acabou de se mostrar
E um sol que insiste em deitar
Os raios que queimam sobre o chão
Essa é a imagem do sertão
Que carrega e vem sempre a carregar.

Acordando ainda de madrugada
Com o gado que é o despertador
O momento misturado por amor
E o céu embrulhado com aurora
Uma por uma, as pétalas da rosa
Vão se abrindo naquele lugar
E o cheiro começa se espalhar
Com poder de acalmar o coração
Essa é a imagem do sertão
Que carrega e vem sempre a carregar.

E falando do inverno que vem
Sempre com a magia de alegrar
Que faz o sertanejo chorar
Sem tristeza mas, sim, com emoção
E a chuva faz trilha pelo chão
E o cenário traz versos a cantar
O cerrado começa a mostrar
Poesia, virtude, compaixão
Essa é a imagem do sertão
Que carrega e vem sempre a carregar.

Mas lembre-se do cenário
De dor, tristeza, amargura
E as tristes e grossas rachaduras
De um chão que o sol cicatrizou
E dos verdes que a seca detonou
E dos lagos que vieram a secar
E as folhas que devem se mostrar
Com uma cor cinza, Solidão
Essa é a imagem do sertão
Que carrega e vem sempre a carregar.

O tronco não é mais tão macio
As rosas não são mais tão rosadas
Os cactos e as plantações de palmas
São fortes com essa meia derrota
Gados mortos, cavalos que galopam
Pelo sertão que a seca domina
E por falta de água e de comida
Morre gente, animal, plantação
Essa é a imagem do sertão
Que carrega e vem sempre a carregar.

Nós somos o choro, o rachão
Nós somos a chuva a regar
Nós somos a imagem do sertão

Pseudônimo: Metamorfose

Autor: Eliseu Amorim / U.E. Miguel Lidiano 

Cidade: Picos - PI


3° Lugar

MEU GRANDE SONHO

Certa vez sonhei sendo escritora
Um pequeno poema escrevi
Junto com minha professora
Para toda classe eu li

Vivo no mundo com um sonho
E esse sonho vou realizar
Desejo muito escrever um livro
Para minha vida alegrar

Meu mundo é pequeno
Mas vejo ele gigante
Quando estou escrevendo
Fico feliz o bastante

Meu sonho vou realizar
E a todos vou mostrar
Quero um livro feito com amor
Sei que todos vão gostar

Agradeço a quem me apoia
Para com meu sonho seguir em frente
Junto com meus amigos sou mais forte
E adquiro mais conhecimento

Pseudônimo: Airam Atir
Autora: Maria Rita de Sousa Lima
Cidade: Comunidade Quilombola Custaneira – Zona Rural / Paquetá – PI

 

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VENCEDORES – CATEGORIA ADULTO 
Réquiem 
Flagra 
Sou negro

 

1° Lugar

RÉQUIEM

Hoje, só desalento e um passado morto,
E as lembranças que me atormentam,
Lentos meus passos, quedo-me absorto,
Ardentes lágrimas dos meus olhos saltam.

Como pudeste ir-te assim, tão de repente!
Onde a surpresa? Era bem este o teu estilo,
Nenhum adeus nem despedida comovente,
Sorrateira, rumaste ao céu com o teu brilho.

Deixaste para trás amores tão terrenos,
Um mundo desigual, desejos tão pequenos,
Entanto, plantaste em nossos corações sementes

De amor, de paz, de alegria, de amizade,
Momentos indeléveis plenos de saudade,
Imorredoura herança, ainda que te ausentes.

Pseudônimo: Coração Valente
Autor: José Maria de Carvalho
Cidade: Fortaleza - CE




2° Lugar

FLAGRA

A lua hoje
Surpreendeu-me
Olhando
Para mim
e o meu amor.
Escutando nossas
conversas
e nossas juras
de amor.

Pseudônimo: Nanda Silvério
Autora: Marta Betânia da Silva
Cidade: Pio IX - PI



3° Lugar

SOU NEGRO

Sou negro,
Filho de Oxalá,
“Benção” de Ossaim,
E guerreiro de Xangô.

Sou negro,
Sangue africano,
Homem forte
- E valente,
Braços para a luta
- Sofrida – de viver.

Sou negro,
Sou a terra ferida,
Gemidos inclementes,
Lágrimas caídas,
Virgens pervertidas,
Vítimas demais
- Dos animais
- Dos brancos.

Sou negro,
Sou o corpo e a corrente,
Sou o menino em silêncio
- Jogado no inferno
- Para os diabos do navio.

Sou negro,
Sou a vida – vencida .
Malditas moedas de prata.
Sou a fome, a sede,
A senzala e o tronco
- Nas terras de Santa Cruz
- Negro
- Jesus

Sou negro,
Sou o filho de Eva,
Refém do carrasco feitor.
Rapariga do “dono”
- Desumano
- Sem AMOR.

Sou negro,
Sou o corte da cana
A ama de leite,
Arrobas de café
- Dos coronéis
- Cruéis
- Covardes

Sou negro,
De mãos calejadas,
Pedaços de terra – a terra,
Suor da riqueza da nação
- Morrendo de fome
- Sem nome.
Brasil “Que país é este?”.

Sou negro,
Zumbi, Palmares,
Alves, Rebouças,
Gama, Nabuco e Patrocínio...
- Lei Áurea
- Liberdade?

Sou negro,
Exu, Candomblé,
Sertões, Favelas,
Cultura – Axé, Conceição,
Firmina, Mel Adún,
Carolina, Maranhão...
- Brasil.

Sou negro,
Direitos feridos, até quando?
Quem fere?
- A elite racista
- De bíblia na mão
- Piores animais
- Humanos?

Sou a luta,
 A vida,
As mãos,
As feridas,
- Um sorriso negro. 

Pseudônimo: Pedro do Sertão
Autor: Francisco Samuel do Nascimento
Cidade: Alagoinha do Piauí - PI

 

Fonte: Assufba / Edição: Josselmo Batista Neres

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