O maior estudo já feito sobre experiências de quase morte mostrou que cerca de 40% dos pacientes têm algum tipo de lembrança sobre o período em que estiveram clinicamente mortos e sugeriu que uma pessoa pode continuar com atividade cerebral por até três minutos após seu coração parar completamente.
Durante quatro anos, cientistas da Universidade de Southampton, na Inglaterra, analisaram os casos de 2.060 pessoas que sofreram paradas cardíacas em 15 hospitais da Grã-Bretanha, Estados Unidos e Áustria.
Entre os 330 que sobreviveram, 140 puderam ser entrevistados e, desses, 55 (39%) disseram ter alguma percepção ou lembrança do período em que estavam tecnicamente mortos.
Entrentanto, apenas duas pessoas relataram lembranças precisas sobre suas experiências de quase morte.
Luz
Uma delas, um homem de 57 anos, relatou que, de um canto da sala, observou enquanto os médicos faziam o procedimento de reanimação em seu corpo.
"Ele descreveu de forma precisa as pessoas, som e atividades de sua reanimação. Os registros médicos corroboram seu relato", diz o estudo.
Baseado nos sons que ele diz ter ouvido, é possível estimar que o homem tenha ficado consciente por 3 minutos entre a parada cardíaca e a reanimação - o normal, segundo o estudo, é a ocorrência de atividade cerebral residual entre 20 a 30 segundos após a parada cardíaca.
A maior parte dos entrevistados não lembrava detalhes, mas descreveu sensações e imagens que se repetiram nos relatos. Cerca de 20% dos entrevistados disse que se sentiu em paz e 27% disseram que o tempo desacelerou ou acelerou.
Alguns lembraram de ver um luz brilhante, outros relataram medo, sensação de afogamento ou de ser sugado para águas profundas. Do grupo, 13% disseram que se sentiram separados de seus corpos e o mesmo número disse que seus sentidos ficaram mais aguçados que o normal.
Além disso, 8% disseram ter encontrado algum tipo de presença mística ou voz identificável, e 3% viram espíritos religiosos ou de pessoas mortas.
Ninguém relatou ter vivido experiências do futuro.
O estudo destaca que, apesar de os pacientes terem aparentemente mais tempo de consciência durante a morte clínica, as memórias deles podem ser afetadas pelo impacto do processo de reanimação no cérebro ou pelos sedativos usados.
Os autores do estudo apontaram ainda algumas limitações na pesquisa, como a dificuldade para identificar se as memórias que os pacientes que diziam ter tido durante a parada cardíaca refletiam sua percepção real.
Eles também apontaram o baixo número de pacientes com memórias explícitas sobre o momento da morte clínica, o que impediu que houvesse análises mais profundas.
Fonte: G1