É cada vez mais comum o envolvimento de menores com crimes e muito deles com armas de fogo. Â Entre as inovações protagonizadas pelos criminosos para cometerem delitos no Piauí, está a nova prática de alugar armamentos para assaltos ou homicídios.
Um jovem de 23 anos que preferiu não ser identificado, procurou ajuda voluntariamente em uma clínica de dependentes químicos e tem um histórico de assaltos quando ainda era adolescente. A maioria dos crimes eram praticados com arma de fogo alugadas por amigos. “Eu alugava e dava uma parte do dinheiro para ele depois do assalto. Era assim que eu conseguia a arma. Fazia o assalto, depois devolvia a arma e uma dividia o dinheiro para pagar o aluguel”, disse.
A pesar de tantos assaltos, o rapaz revela que nunca chegou a ser recolhido a uma instituição para recuperação de menores. O depoimento do jovem é semelhante ao de vários adolescentes que tem envolvimento com a criminalidade e revela dois aspectos sobre esta questão. O primeiro é que o adolescente tem facilidade em conseguir uma arma de fogo e o segundo é que a maioria do dinheiro conseguido nas ações criminosas é usado para a compra de drogas e álcool.
De acordo com o coronel Alberto Meneses, comandante de policiamento da capital, os jovens que praticam assaltos a mão armada estão cada vez mais violentos chegando a matar as vitimas. “Um exemplo é o caso do policial Luciano Bezerra Santos, morto a tiros por um menor no bairro Saci, Zona Sul de Teresina, durante uma tentativa de assalto”, disse.
A família do policial está chocada com a morte e revoltada com a forma como ele foi assassinado. “É uma violência muito grande. Acho que não deu nem tempo dele reagir. Ele foi surpreendido por dois no momento em que chegava em casa”, contou Maria das Dores, tia da vítima.
Segundo Francisco Junior, coordenador de uma Organização Não Governamental (ONG), que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, policiais estariam vendendo ou alugando armas para menores praticarem assaltos e cometerem outros crimes. “É muito mais fácil comprar uma arma hoje do que um pacote de sal na mercearia. Infelizmente tem péssimos profissionais na polícia que colaboram com a criminalidade arrumando armas para os adolescentes”, denunciou.
Ele diz ainda que muitos jovens não são apreendidos para que não conste a arma no registro da ocorrência. “O normal é a apreensão da arma e apresentar no Distrito Policial e na prática não é assim. Tem muitas que é desviada no meio do caminho, retornado para  a periferia”, reiterou.
O comando de policiamento da Polícia Militar afirma não ter conhecimento dessa prática de policiais e que vai determinar que seja aberto uma investigação. “É a primeira vez que estamos ouvindo e vamos encaminhar a denuncia para a corregedoria. Atualmente as ocorrências são todas gravadas e equipes de policiamento sem áreas especificas, o que dificultaria em tese esse tipo de ação”, finalizou Alberto Meneses.
Fonte: G1 Piauí