Por Maria Moura
O aterro sanitário de Picos continua gerando polêmica. Na manhã desta segunda-feira (19), populares que vivem nos entornos do aterro, no Valparaíso, bloquearam a passagem dos caminhões coletores de lixo e montaram um acampamento para impedir que os resíduos sólidos da cidade sejam depositados no local.
Uma barricada formada com pneus e galhos foi preparada e os manifestantes prometem atear fogo, caso haja a tentativa de desbloqueio da passagem.
Uma equipe da Força Tática da polícia de Picos foi deslocada para o local e acompanha toda a movimentação.
De acordo com o líder comunitário Neto Araújo o protesto é pacífico, mas a entrada do aterro só será liberada caso a prefeitura cumpra a exigência e encontre outro espaço viável para instalação do aterro sanitário. “Não aceitamos a maneira como o lixo está sendo colocado. Nós já estamos sendo atingidos por moscas e por urubus, que bebem água nos açudes que a gente também bebe”, conta ele.
Os moradores também denunciam que o lixo hospitalar está sendo depositado de forma irregular, diferente do projeto apresentado pela administração durante as discussões para instalação do aterro. O material está exposto em algumas valas e está sendo enterrado sem a incineração prévia.
A especialista em gestão ambiental Glácia Lopes esteve no local e afirmou que, caso o lixo continue sendo depositado nas mesmas condições, o meio ambiente e a população da região poderão sofrer consequências como a contaminação do lençol freático. Ela explica que as valas são ineficientes se o solo não for impermeabilizado através de uma manta de proteção.
Outro lado
O secretário de governo da administração do prefeito Kléber Eulálio, Thiago Saunders Martins, comentou o impasse vivido entre o poder público e os moradores da região. De acordo com ele, todas as providências já foram tomadas para que o aterro funcione com todas as garantias ambientais exigidas no projeto original.
“Os tanques já foram cavados e a manta de impermeabilização já está no local. A máquina que vai instalar os materiais está vindo via terrestre de São Paulo e deve chegar na quarta-feira (19)”, informa.
Sobre o depósito de lixo hospitalar em valas, o Saunders explicou que a forma de incineração que existia no lixão do bairro Altamira era ineficiente, sendo necessário da prefeitura de Picos a aquisição de um incinerador profissional para eliminar qualquer possibilidade de contaminação dos resíduos hospitalares no meio ambiente.
O equipamento, segundo ele, já foi providenciado, mas, enquanto não chega, valas separadas foram criadas para depositar o material.
Aterro sanitário
O Aterro Sanitário é um aprimoramento de uma das técnicas mais antigas utilizadas pelo homem para descarte de seus resíduos, que é o aterramento. Modernamente, é uma obra de engenharia que tem como objetivo acomodar no solo resíduos no menor espaço prático possível, causando danos menores ao meio ambiente ou à saúde pública.
Essa técnica consiste na compactação dos resíduos no solo, na forma de camadas que são periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte.
Ainda que sendo o método sanitário mais simples de destinação final de resíduos sólidos urbanos, o aterro sanitário exige cuidados especiais e técnicas específicas a serem seguidas, desde a seleção e preparo da área até sua operação e monitoramento.
Fonte: Riachaonet
Fotos: Maria Moura