A modalidade de assalto a bancos, postos dos correios e casas lotéricas é denominada pela polícia como “Novo Cangaço” e tem apavorado moradores das pequenas cidades do Piauí, em que a prática criminosa vem se tornando algo “comum” mediante o policiamento reduzido e facilidade de acesso para fugas.
“A Bahia é o estado mais vitimado da região Nordeste por este movimento ideológico travestido no crime, onde a filosofia está baseada em saquear o Governo, ele é muito forte no eixo Cabrobó-PE e Petrolina-PE, tem atuação na Bahia, Minas Gerais, Ceará e Pará, e tem investido no interior do Piauí”, afirmou o Capitão Felipe.
O município de Simões foi o último da macrorregião de Picos a passar por esta situação, o assalto ocorreu no dia 12 de fevereiro e até o momento a agência do Banco do Brasil continua sem funcionar, já que os principais itens de segurança foram destruídos durante a ação dos bandidos. Este foi o terceiro assalto realizado na agência, os dois últimos em menos de um ano, todos sem resolução.
De acordo com o Capitão Felipe, comandante da 5ª Companhia Independente da Polícia Militar de Paulistana, a equipe de inteligência do Pernambuco e o Grupo de Repressão ao Crime Organizado do Piauí (GRECO) estão trabalhando para elucidar o último assalto. O Capitão acrescenta que os dois homens presos na cidade de Petrolina não participaram diretamente do assalto em Simões, mas são integrantes do mesmo bando e essenciais para o desfeche da investigação.
“Zé de Mané Magro é um dos chefes do ‘Novo Cangaço’, que é formado por várias quadrilhas fortemente armadas que atuam no sertão pernambucano e baiano, e agora estão atuando também no interior do Piauí”, disse.
O Capitão Felipe também acrescenta que a polícia já identificou os assaltantes da agência de Simões, e que no momento aguarda o deferimento dos mandados de prisão e localizar quatro indivíduos, os demais já foram localizados. A investigação também aponta que alguém da região ajudou os assaltantes com a rota de fuga, dirigindo o carro.
Terminologia
Estudiosos contestam o uso da expressão “Novo Cangaço” para classificar este tipo de ação. Trata-se de uma categoria policial e não uma classificação sociológica, diz o sociólogo José Luiz de Amorin Ratton Junior, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Neta de Lampião e Maria Bonita, a jornalista Vera Ferreria, da Sociedade do Cangaço, diz que o uso deste termo revela “despreparo”. Para César Barreira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a classificação “deturpa a real situação do assalto”.
O termo relaciona o crime à precariedade das ações das forças policiais na época do cangaço, mas atualmente a polícia tem condições de adotar estratégias mais sofisticadas contra as novas quadrilhas, que são especializadas e promovem ações estrategicamente planejadas.
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Fonte: Portal O Povo