Matéria / Polícia

Relatório da PF flagra mensagem de deputado a doleiro preso: 'Te amo'

26/04/2014 | Edivan Araujo
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O relatório da Operação Lava Jato da Polícia Federal contém uma afetuosa troca de mensagens eletrônicas entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado Luiz Argôlo (SSD-BA). Eis a transcrição literal da conversa interceptada pela PF às 8h33 do dia 28 de fevereiro deste ano.

Argôlo: Bom dia.
Youssef: Bom dia.
Argôlo: Você sabe que tenho um carinho por vc e é muito especial.
Youssef: Eu idem.
Argôlo: Queria ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.
Youssef: Eu amo você também. Muitoooooooooo<3
Argôlo: Sinto isso. E aí já melhorou?? Melhorou???
Argôlo: Por favor me diga alguma coisa.

PADILHA ENVOLVIDO?
Documentos da Polícia Federal apontam indícios de envolvimento do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. A informação foi divulgada na noite de quinta-feira, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.

A Polícia Federal analisou o conteúdo de 270 mensagens trocadas entre o deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR) e o doleiro. Em uma delas, de 28 de novembro, Vargas, possivelmente referindo-se ao ex-ministro, diz que “Padilha” indicou um executivo para o Labogen, laboratório que chegou a firmar uma parceria com o Ministério da Saúde, mas não recebeu recursos. “Dá o número do celular e fala que é Marcos, que estará em São Paulo no dia seguinte ou segunda e que foi o Padilha quem indicou”, diz Vargas na mensagem a Youssef.

Segundo o relatório da PF, o executivo citado como Marcos é Marcus Cezar Ferreira de Moura, que foi coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, na gestão de Padilha, e que depois participou de reuniões no Labogen.

A conclusão da polícia é de que “existem indícios de que os envolvidos tinham uma grande preocupação em colocar à frente da Labogen alguém que não levantasse suspeitas das autoridades fiscalizadoras”.

A investigação também menciona o deputado federal Candido Vaccarezza (PT-SP). Em uma troca de mensagens, de 25 de setembro de 2013, Youssef diz a Vargas: “Achei que você estivesse aqui na casa do Vacareza”.

A Polícia Federal concluiu que “indícios apontam que Youssef mantinha relações com Vaccarezza”, entre os quais uma reunião na casa do deputado, da qual teriam participado o doleiro, o deputado André Vargas e Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor e diretor de uma empresa que é sócia oculta da Labogen.

O relatório sobre as mensagens trocadas entre Youssef e Vargas mostra também que a rede de contatos deles também chegou à Caixa Econômica Federal, por meio do fundo de pensão do banco, o Funcef.

Fonte: Blog Felipe Patury/Época e Valor

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