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Após votarem, eleitores ignoram atividade dos candidatos eleitos

Pesquisas mostram que eleitores esquecem rapidamente nome do candidato em que votaram e, geralmente, não acompanha o trabalho deles.

11/08/2014 | Edivan Araujo
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No próximo dia 5 de outubro, mais de 142 milhões de eleitores brasileiros estarão aptos a escolher os próximos presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. É o maior evento democrático do Brasil, que dá a somente ao eleitor o poder de escolher quem vai representá-lo no executivo e no legislativo nos próximos quatro anos. 

Apesar da importância do ato, poucos são os eleitores que, após o pleito eleitoral, vão cobrar os eleitos aquilo que prometeram ou se estão fazendo algo para melhorar a vida da população. Uma pesquisa realizada pelo instituto Data AZ em 2010 junto a eleitores piauienses revelou que mais 60% dos entrevistados não lembravam o nome do candidato em que votaram para o Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa na eleição anterior, realizada em 2006. 

No mesmo ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou uma pesquisa apontando que mais de um quinto dos eleitores brasileiros já não se lembrara em quais deputados votaram pouco mais de um mês depois do primeiro turno. Foram feitas 2.000 entrevistas entre 3 e 7 de novembro de 2010. 

O DIA ouviu especialistas, procuradores, eleitores e os próprios políticos para saber por que isso ocorre e quais as consequências desse hábito do eleitor brasileiro. 

Voto é dado sem comprometimento

O cientista político Ricardo Arraes, doutor em História Contemporânea e professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), explica que o esquecimento dos eleitores sobre em quem votou pode ser explicado pelo fato de o voto ter sido dado sem o comprometimento do eleitor com aquele que recebeu a deferência. “Isso demonstram a falta de conhecimento e até mesmo o desleixo cívico do eleitor para com o processo eleitoral”, avalia o professor. 

A conseqüência dessa falta de compromisso, na análise de Ricardo, repercute na desconsciência política do cidadão e na baixa identidade de eleitor e representação parlamentar, com graves consequências para o processo político. 

Ricardo comenta também a ausência de acompanhamento das atividades parlamentares. “Um [o eleitor] não cobra e ou outro [o político] não dá satisfação de sua atuação parlamentar. A não cobrança do eleitorado só é ruim para um lado, pois para os representantes, este é o melhor dos mundos, ou seja, não dar satisfação daquilo que ele faz”, critica o cientista político.

 

Fonte: Jornal O Dia

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