O avião Rockwell Twin Commander 500-S de prefixo PT-DRO, que caiu no final da tarde desta terça-feira (02/09) na cidade de Piracuruca, é uma aeronave clonada. O caso será investigado pela Polícia Federal, diante dos fatos intrigantes que cercam o acidente. A tripulação do avião sumiu, e populares relatam que homens com maletas desceram rapidamente do avião e seguiram para uma picape. A polícia agora tem duas suspeitas principais: envolvimento com crime eleitoral ou tráfico de drogas.
Nesta quarta-feira (03/09), uma equipe do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) fez uma vistoria no avião, que no momento da queda tinham dois ocupantes. Por volta de 15h30, quando o avião pousou na pista, os ocupantes desceram e se aproximaram de uma caminhonete F-250, que estava carregada com galões de combustível. Todo material foi colocado na aeronave.
Ao tentar novamente levantar voo, a aeronave apresentou falhas, obrigando os tripulantes a tentar retornar ao solo, momento em que o avião bateu em uma árvore e acabou caindo, perdendo parte da asa e um dos trens de pouso. Imediatamente os ocupantes, segundo testemunhas, desceram rapidamente com maletas na mão, que foram colocadas na carroceria da caminhonete, e todos seguiram em rumo desconhecido.
Ao portal Piracuruca Ao Vivo, um senhor de nome Lucas, informou que um dos homens que estava na caminhonete era deficiente, e possuía apenas uma das pernas. Os cabelos já eram brancos e ele andava com o auxilio de uma muleta. Diz ainda que o piloto da aeronave já havia pousado em outras aeronaves na mesma pista, trazendo pessoas de Teresina.
Um dos ocupantes da aeronave chegou a dizer aos moradores do local que iriam procurar a delegacia para fazer um Boletim de Ocorrência, que até a manhã desta quarta-feira (03), nenhum procedimento foi registrado sobre o caso. Chegou à polícia ainda a informação de que no dia 1º de setembro, quatro pessoas estiveram na pista realizando medições no campo de pouso.
Na averiguação realizada pela Polícia Rodoviária Federal - quem primeiro chegou ao local - foram apreendidos 8 galões de combustível e o mais grave várias pontas de cigarro, formando uma combinação perigosa. Além das apreensões, verificou-se ainda que o interior da aeronave estava totalmente alterada, sem os bancos para passageiros.
NA WEB, PT-DRO É OUTRO...
Depois da divulgação de que o avião de prefixo PT-DRO seria clonado, o 180 fez uma busca rápida na internet e encontrou fotos de um avião de modelo semelhante, e com o mesmo prefixo, porém com cores totalmente diferentes do que caiu na cidade de Piracuruca.
O PT-DRO que caiu na tarde de ontem é branco com listas azuis, com a “barriga” inclusive pintada com um azul mais claro. Já a aeronave que aparece em fotos postadas no blog AIRMGF tem cor branca com listas marrons. O desenho na cauda do avião também é diferente. Vale ressaltar que o prefixo de uma aeronave é como um número de RG, que individualiza o avião. Porém, não é possível precisar se trata-se de outra aeronave ou apenas uma “nova pintura”.
PT-DRO ‘ORIGINAL’ É DE EMPRESA INVESTIGADA PELA PF
A reportagem do 180Â fez a pesquisa na Agência de Aviação Civil e descobriu quem é o proprietário do avião. Ele está registrado no nome da empresa MARNANGLO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, sediada no município de Vassouras, no Rio de Janeiro. Só a Polícia e a Aeronáutica vão explicar o que esse avião foi fazer em Piracuruca e se estava a serviço de sua proprietária.
A empresa Marnanglo Empreendimentos já foi alvo de uma investigação da Polícia Federal na Operação Persona, deflagrada em 2007 e que acabou na condenação do auditor fiscal aposentado da Receita Federal, Ernani Bertino Maciel. A Marnanglo Empreendimentos seria uma das “empresas laranjas” do auditor. Segundo a Polícia Federal, o auditor comandou um esquema de sonegação fiscal que beneficiava a empresa americana de importação Cisco Systems e que teria gerado um prejuízo de R$ 3,3 bilhões aos cofres públicos.
A sentença da 1ª Vara Federal de São Paulo condenou Ernani Bertino ao pagamento de multa equivalente a três vezes ao seu acréscimo patrimonial, a perda da aposentadoria e à proibição de exercer cargos públicos por dez anos. A empresa dona do avião que fez o pouso forçado em Piracuruca era controlada por outra empresa de Ernani Bertino, a Olinda Participações, que era dono de um hotel luxuoso em Barra do Piraí (RJ), o Fazenda Ribeirão Hotel de Lazer.
COMBUSTÍVEL COMPRADO EM TERESINA
O combustível Avgas que foi apreendido dentro do avião teria sido comprado em Teresina. Pelo menos é o que informa uma fonte ao 180, que preferiu não se identificar. “Eu estive lá quando eles estavam comprando”, diz uma pessoa que conhece o motorista da caminhoneta e que também estava comprando combustível de avião, mas que não quis informar sua identidade.
Segundo esta testemunha, eram sete galões de 50 litros, e um oitavo com capacidade menor que seriam levados dentro do avião. A aeronave permite carregar até uma tonelada. A pessoa presente no momento da compra do combustível disse ainda que a F-250 cinza possuía uma “carroceria de madeira”. A pessoa presente no momento da compra do combustível disse ainda que a F-250 cinza possuía uma “carroceria de madeira” e que a carroceria estava “coberta com uma lona azul”.
Apenas em dois lugares de Teresina se pode adquirir o combustível Avgas. Um é no aeroporto de Teresina e o outro lugar é no aeroporto de Fátima, localizado na região da Cacimba Velha. O aeroporto de Fátima é de propriedade privada. A fonte que repassou a informação não quis dizer onde foi realizada a compra para não “se comprometer”. O valor do litro é R$ 6,80.
“PAPELOTES” DE “PÓ BRANCO”
Já segundo outras testemunhas que conversaram com policiais da Força Tática presentes no local, dentro da aeronave foram encontrados dois “papelotes” com “filetes” de um “pó branco”.
Fonte: 180 Graus