A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a origem de uma lista que traz os nomes e telefones de 310 mulheres apontadas falsamente como garotas de programa. O arquivo circula por redes sociais e traz contatos de vários estado, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranhão e São Paulo. Oito meninas na lista são de Brasília, e pelo menos uma delas já registrou boletim de ocorrência por difamação.
Para parte das citadas na lista, divulgada por meio do aplicativo WhatsApp e do Facebook, há ainda descrição da aparência física e o suposto preço cobrado pelo programa. As observações dizem ainda que todos têm o app no celular e que mandam fotos.
Quatro garotas relataram dificuldades para denunciar o caso e disseram que chegaram a ser desestimuladas pelos delegados a fazer o registro, "porque seria difícil investigar". Ao G1, a corporação negou que haja orientação para que as vítimas sejam desestimuladas a denunciar.
"Ao contrário, a Polícia Civil do Distrito Federal solicita que todas as pessoas que se sentirem constrangidas se dirijam à delegacia mais próxima ou à Delegacia da Mulher e registrem o fato", afirmou a entidade em nota.
A corporação disse ainda que a orientação é que as mulheres incluídas na lista não deletem as mensagens recebidas e, se possível, as imprimam para que sejam anexadas na ocorrência. Não há prazo para o fim da apuração.
Preferindo não se identificar, uma estudante de direito de 21 anos diz que tem vivido um "inferno" desde a noite da última quarta-feira, quando recebeu as primeiras mensagens por WhatsApp. Ela conta que a princípio não entendeu o que estava acontecendo e que um dos rapazes acabou explicando a situação.
"Primeiro eu achei que fosse engano, não fazia sentido. Depois, quando ele me mandou a lista, comecei a responder falando que colocaram meu nome aleatoriamente, que eu não tinha nada com isso. Só que foi pior, porque parece que atiçava mais. Só quando troquei minha foto para de homem e comecei a responder mandando foto de pinto é que pararam. Pediam desculpa e sumiam", explica.
Nos 20 minutos entre o atendimento dela no balcão e a conversa com o delegado foram 59 mensagens e três ligações. No conteúdo, questionamentos como "você é acompanhante?" e "manda foto?". Chorando bastante, a estudante afirmou que não tem ideia de como a incluíram na lista.
"Você fica assim [de um jeito] que você não consegue fazer nada da sua vida. Você fica triste, angustiada. Não consegui contar para ninguém. É horrível você ter que perder o dia, vir à delegacia e ficar o dia inteiro aqui. É uma sensação meio que de impotência. É um desaforo de ter que fazer tudo isso por causa de um retardado que quis fazer graça", declarou.
Fonte:Â Com informações do G1