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Joia do Santos, filho de Pelé evita a 10 e diz que não é tão habilidoso: 'Sou tipo um Hulk'

Ciente da pressão que lhe aguarda no futuro da carreira, Joshua finca os pés no chão.

15/10/2014 | Edivan Araujo
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Na última segunda-feira, um príncipe desfilou com a camisa do Santos. Afinal, Joshua Seixas Arantes do Nascimento é filho de ninguém menos que Pelé, o Rei do futebol. Pelo Campeonato Paulista sub-20, a joia fez sua estreia com a camisa do clube na goleada por 4 a 0 sobre o Noroeste, e já deixou muita gente animada na Baixada.

Ciente da pressão que lhe aguarda no futuro da carreira, Joshua finca os pés no chão. O jogador, atacante como o pai, passa longe da camisa 10, eternizada pelo Rei. Nem mesmo seu estilo de jogo é baseado no do maior artilheiro da história do Santos, como conta, em entrevista à Rádio ESPN.

"Sou um atacante veloz, que gosta de jogar pelas beiradas. Não sou habilidoso como meu pai, mas sei usar bem minha força. Força e velocidade são minhas características. Chuto bem, gosto de bater de fora da área, e também cabeceio bem. Não sou um Robinho ou Neymar da vida. Sou tipo um Hulk...", conta o atleta, de apenas 18 anos, que se inspira em três matadores bem famosos.

"Gosto muito do Henry, do Drogba e do Eto'o. Claro que o Robinho e o Neymar também são caras que me espelho, mas esses três são mais da minha característica. Vejo essas feras jogarem desde pequeno e acompanho até hoje", relata.

Filho de Assíria, a segunda esposa de Pelé, Joshua diz que sempre quis ser jogador de futebol. Após morar três anos nos Estados Unidos com a mãe, começou a treinar no Santos durante suas férias, em 2012, e decidiu que era no Brasil que queria ficar. Conversou com os pais, que aceitaram sua vontade, e passou treinar com as equipes de base do clube alvinegro, primeiro no sub-17, antes de ser promovido ao sub-20.

De cara, chamou a atenção por ser um "leão de treino", melhorando o preparo físico e melhorando a finalização até depois que os outros jogadores já tinham sido liberados. Conselho de seu pai, revela o jovem atleta. Só assim para driblar a pressão de ser filho do maior jogador de todos os tempos.

"Ele sempre fala pra eu treinar forte todos os dias, sempre dar meu máximo, pois o técnico vai reconhecer isso. Quando à pressão, tenho que fazer minha parte. Sei que receberei críticas, mas tenho que usá-las para melhorar meu futebol. Meu pai diz para eu sempre acreditar em mim mesmo, pois ele também ouviu muita vaia", ressalta.

"Todo jogador tem que estar pronto para a pressão. Um dia, você entra, faz três gols e é o herói. No outro, não faz nada e seu mundo desaba. Tem que estar pronto para as duas coisas", completa.

Apesar do discurso firme, Joshua reconhece que vestir a mítica camisa 10 do Santos poderia fazer o mundo desabar sobre suas costas. Por isso, prefere usar números diferentes.

"Sempre gostei muito da 9 e da 11, quando venho do banco jogo com a 17 ou a 18. Mas sempre gostei mesmo da 9, apesar de jogar pelas beiradas. Melhor usar a 9 ou a 11, né, porque alivia o peso da 10, que é muito grande", afirma.

O próximo compromisso do filho de Pelé pelo Paulista sub-20 será neste final de semana, contra o Santo André. Coincidentemente, foi na cidade do ABC paulista que o Rei do futebol marcou seu primeiro gol como profissional, em 1956.

Curiosamente, foi também em Santo André que o goleiro Edinho, também filho de Pelé e irmão de Joshua, sofreu seu primeiro gol da carreira.

Tal pai, tal filho

Joshua pode ainda nem ser titular da equipe sub-20 do Santos, já que está em seu primeiro ano na equipe. Contra o Noroeste, por exemplo, atuou apenas 20 minutos, criando uma boa chance de marcar, mas passando em branco. Já foi o suficiente, porém, para encantar o técnico Pepinho Macia, filho do lendário Pepe, outro grande ídolo do clube praiano.

"Como é o destino, né? Meu pai jogou 14 anos com o Pelé, depois treinou o Rei. Tantos anos depois, olha eu aqui, o filho do Pepe, treinando o filho do Pelé. É até difícil acreditar...", emociona-se o treinador, em entrevista à Rádio ESPN. O comandante do sub-20, aliás, é só elogios à nova joia da equipe da Baixada.

"É um garoto espetacular, muito esforçado, de índole muito boa. Trabalha sério, e há tempos já vinha merecendo seu espaço na equipe. Muitas vezes a gente encerra o treino e ele pede pra trabalhar mais, mais... É fácil trabalhar com jogador assim. Ele sempre me pergunta o que está precisando melhorar, e a gente vê nos olhos dele a vontade de vingar como profissional", comenta.

"O Pelé tinha essa característica também: puxava a fila nos treinos físicos. Por isso foi e continua sendo o rei. E o Joshua puxou isso dele, essa vontade", completa.

Apesar da chuva de elogios, Pepinho também é cauteloso ao falar sobre o futuro de Joshua. O técnico sabe que o jovem terá que lidar com a desconfiança dos torcedores durante toda a carreira, e precisará ter a cabeça muito bem preparada para lidar com o enorme fardo de ser filho de Pelé.

"É um problema inevitável. Claro que, para tudo o que ele fizer, a cobrança sempre vai ser dobrada, e ele tem ciência disso, pois é inteligente e culto. Se fizer um gol, vão perguntar o porquê de não ter feito dois. A gente procura deixá-lo tranquilo nos treinos para ele poder mostrar o futebol dele da melhor maneira possível, mas ele sabe que será complicado", salienta.

Fonte: Uol

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