A polícia prendeu no final da tarde desta sexta-feira (29/05), o último acusado de envolvimento no crime contra as quarto adolescentes de Castelo do Piauí. Adão José de Sousa, de 40 anos, foi localizado na cidade de Campo Maior, sendo transportado por um mototáxi. A polícia acredita que ele tentava chegar em Teresina.
A prisão foi confirmada pelo secretário de Segurança do Estado, Fábio Abreu, em entrevista ao vivo no programa Cidade Alerta. Segundo o secretário, o homem foi abordado após uma denúncia anônima e ele estava em posse de uma boa quantia em dinheiro, supostamente proveniente de um assalto ocorrido ainda na semana passada.
Até o momento, o acusado estaria jogando a responsabilidade pelos crimes nos quatro adolescentes que foram apreendidos ainda na noite de quarta-feira (27), horas depois que as garotas foram encontradas despidas e com ferimentos graves aos pés do Morro do Garrote.
Em informe oficial, a secretaria de Segurança informou ainda que o acusado será recambiado ainda hoje para a Penitenciária Casa de Custódia, em Teresina. Adão é apontado pelos quatro adolescentes apreendidos como mentor dos abusos e agressões praticadas contra quatro jovens. Três delas permanecem internadas no Hospital de Urgência de Teresina, uma delas em estado grave, tanto que permanece sedada na UTI do hospital.
QUADRO DE SAÚDE DAS ADOLESCENTES
Mesmo com quadro clínico estável, a situação das adolescentes ainda gera preocupação nos médicos. Não houve piora, mas com uma das adolescentes apresentando um trauma de face extenso e outra com uma laceração no couro cabeludo - tendo sido submetida a uma plástica - a equipe médica segue em alerta.
Já a garota de 17 anos, que está na Unidade de Terapia Intensiva,ÂÂ respira com a ajuda de aparelhos.ÂÂ O hospital irá realizar novas tomografias para avaliar que sequelas foram provocadas pelas lesões.
GAROTOS TRANSFERIDOS PARA TERESINA
Já no final da noite de ontem, os quatro adolescentes apreendidos na cidade de Castelo, e que confessaram participação no crime contra as garotas,ÂÂ foram transferidos para Teresina. Eles estão bem próximo de onde as jovens seguem internadas, pois seguem reclusos em celas da Delegacia de Segurança e Proteção ao Menor (DSPM), prédio que fica ao lado do HUT.
Suspeitos de terem cometido o crime; Quatro menores e um maior de idade. (Foto: WhatsApp)
Em entrevista ao programa Notícia da Manhã, na TV Cidade Verde, o delegado geral Riedel Batista, confirmou que os quatro adolescentes confirmaram participação no crime contra as garotas. No auto de apreensão constam a prática de tentativa de homicídio e estupro. "São garotos com idade entre 15 e 17 anos e todos confessaram a prática dos crimes. A justiça tem agora prazo de 45 dias para fazer o julgamento destes garotos", disse.
COMO TUDO COMEÇOU
As adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, saíram de casa em duas motocicletas, com o pretexto que iriam fazer um trabalho da escola. No local conhecido como Morro do Garrote, elas se depararam com os cinco acusados, que estavam consumindo drogas. Num ato, até agora sem motivo, e de tamanha crueldade,ÂÂ os cinco agarraram as adolescentes e as amarraram em árvores, usando a própria roupa que as meninas usavam.
Elas lutaram para tentar escapar - tanto que resquícios de pele foram encontrados debaixo das unhas de todas - mas foi em vão. Armados com facas, os acusados feriram e violentaram as meninas. Após mais de uma hora de abusos, elas foram covardemente jogadas de uma altura de quase 5 metros, queda que poderia ser maior caso não houvesse uma pedra grande na metade do penhasco. Feridas, elas sequer conseguiam gritar e só foram encontradas pouco mais de uma hora depois.
Local de onde as adolescentes foram jogadas
COMO FORAM LOCALIZADAS
O delegado regional Laércio Evangelista contou que a polícia passou pelo local enquanto fazia buscas por um dos acusados neste crime. Trata-se de Adão José de Sousa. Ele é natural de Castelo do Piauí, mas chegou recentemente de São Paulo, onde morou por vários anos. Sexta-feira passada Adão envolveu-se no assalto a um posto de combustível e era procurado pela polícia.
Os agentes que faziam as buscas por Adão - ainda sem suspeitar do novo crime que ajudara a cometer - encontraram no alto do morro apenas as duas motocicletas, que foram apreendidas e levadas para a delegacia da cidade na carroceria da viatura. Por sorte, o irmão de uma das adolescentes viu as motos e avisou para sua mãe, indicando acreditar que as motos tinham sido apreendidas.
A mãe de uma das garotas, já desesperada porque não tinha notícias da filha - celular estava fora de área - então foi para a delegacia já suspeitando de que algo de errado havia acontecido. Ainda descrente no pior, quis saber se a filha tinha sido pega em uma blitz. Foi então que os policiais indicaram que a moto havia sindo encontrada abandonada no alto do Morro do Garrote. Assim, contou o pai de uma das moças, o agricultor Francisco Rufino.
Os policiais então saíram em busca pelas garotas. Mas antes elas já haviam sido encontradas muito debilitadas, por populares.
PRISÃO DOS ADOLESCENTES
As características do crime levaram a polícia a um dos adolescentes, já envolido anteriormente em outros delitos na cidade. O garoto acabou confessando e entregando seus comparsas. Outro menor também confessou o crime, e deu detalhes de como tudo acontecera. Eles negaram para a polícia que conheciam as garotas e apontam como "acaso" o fato de as terem encontrado lá no alto do morro. Ao saber do caso, muitos populares revoltados procuraram a polícia e incendiaram pneus e pedaços de madeira diante da delegacia, pedindo uma ação rápida das autoridades de segurança.