A Secretaria de Segurança do Piauí apresentou na manhã deste sábado (30/05) o acusado Adão José de Sousa, de 40 anos. Ele é apontado como mentor da barbaridade cometida contra quatro adolescentes da cidade de Castelo do Piauí, na noite da última quarta-feira (27).
Para os jornalistas, Adão negou que tivesse participação no crime. Por vezes contraditório, disse não conhecer os quatro garotos que o acusaram, e afirmou ainda que sequer esteve alguma vez no local conhecido como "Morro do Garrote", onde as jovens foram violentadas.
Questionado pelos jornalistas se ele sabia porque estava sendo acusado pelos garotos como mentor dos abusos, Adão respondeu que "não sabia". "Eu não estava lá e nem sei que é ninguém. Não foi eu que estuprei. Quando pegarem quem fez vão ver que não fui eu", disse.
Ele inclusive autorizou em público que a polícia coletasse seu material genético para comparar com qualquer material encontrado nas jovens. "Podem fazer o exame de sangue, onde tiver um papel que autorize eu vou lá e assino", disse.
A coletiva aconteceu no auditório da própria secretaria de Segurança na presença do Secretário Fábio Abreu, Delegado Geral Riedel Batista, do delegado Regional Laércio Evangelista, do Chefe de Polícia do Interior delegado Willame Moraes e do comandante de policiamento militar no Interior Coronel Paulo de Tarso.
POLÍCIA DIZ NÃO TER DÚVIDAS
Mesmo afirmando que não tem participação no crime, para a polícia, a história de Adão não convence. "Houve uma ação da polícia em relação a esse crime, todos os menores envolvidos foram ouvidos, confessaram participação e sem sombra de dúvidas indicaram o Adão como participante. Existem no inquérito policial, no flagrante que o delegado Laercio e o delegado Willame presidiram, fartas provas em relação ao depoimento dos menores. A polícia agiu com total certeza, total credibilidade, e com certeza o Adão tem participação no crime. Não há dúvida da participação", disse o delegado Riedel Batista aos jornalistas.
TIRO EM MULHER FOI ENGANO
Antes de, segundo a polícia, envolver-se no crime contra as jovens, Adão já estava em fuga por causa de outro assalto que cometera ainda na semana passada, onde ele assaltou uma mulher que foi atingida com um disparo na cabeça. Questionado na coletiva sobre este crime, Adão admitiu participação, mas disse que o tiro contra a mulher foi sem querer. "Foi um acidente, ela avançou com o carro e a revólver disparou".
O acusado admite que dos 20 anos que passou em São Paulo, 13 foram dentro da cadeia, onde respondia por tráfico e assalto. Ao Piauí ele voltou no último Domingo de Páscoa.
Adão sempre insistia em dizer que ele não teve participação no abuso contra as adolescentes. Dizia que o verdadeiro acusado, que ele diz não saber quem é, está solto, enquanto ele segue preso sem culpa nenhuma. Ele confessou ainda que vendia droga na cidade. Questionado se conhecia os garotos ele hora diz que vendia droga pra eles, depois diz que não os conhecia, e depois, que vendia droga pra muita gente na cidade e talvez os menores seriam seus clientes.
TODOS OS MENORES INDICARAM ADÃO COMO MENTOR
É o que garante o delegado regional Laércio Evangelista, que acompanha as investigações desde o início. Responsável pela delegacia de Castelo do Piauí, a autoridade policial diz que todos os jovens ouvidos em depoimento apontaram a participação de Adão. Os quatro confessaram e deram detalhes da ação do acusado que é maior de idade. Informações que a polícia, por enquanto, prefere manter em sigilo.
Mais à direita, o delegado regional Laercio Evangelista
QUADRO DE SAÚDE DAS ADOLESCENTES
Mesmo com quadro clínico estável, a situação das adolescentes ainda gera preocupação nos médicos. Não houve piora, mas com uma das adolescentes apresentando um trauma de face extenso e outra com uma laceração no couro cabeludo - tendo sido submetida a uma plástica - a equipe médica segue em alerta.
Já a garota de 17 anos, que está na Unidade de Terapia Intensiva, respira com a ajuda de aparelhos. O hospital irá realizar novas tomografias para avaliar que sequelas foram provocadas pelas lesões.
COMO TUDO COMEÇOU
As adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, saíram de casa em duas motocicletas, com o pretexto que iriam fazer um trabalho da escola. No local conhecido como Morro do Garrote, elas se depararam com os cinco acusados, que estavam consumindo drogas. Num ato, até agora sem motivo, e de tamanha crueldade, os cinco agarraram as adolescentes e as amarraram em árvores, usando a própria roupa que as meninas usavam.
Local de onde as adolescentes foram jogadas
Elas lutaram para tentar escapar - tanto que resquícios de pele foram encontrados debaixo das unhas de todas - mas foi em vão. Armados com facas, os acusados feriram e violentaram as meninas. Após mais de uma hora de abusos, elas foram covardemente jogadas de uma altura de quase 5 metros, queda que poderia ser maior caso não houvesse uma pedra grande na metade do penhasco. Feridas, elas sequer conseguiam gritar e só foram encontradas pouco mais de uma hora depois.
COMO FORAM LOCALIZADAS
Os agentes que faziam as buscas por Adão - ainda sem suspeitar do novo crime que ajudara a cometer - encontraram no alto do morro apenas as duas motocicletas, que foram apreendidas e levadas para a delegacia da cidade na carroceria da viatura. Por sorte, o irmão de uma das adolescentes viu as motos e avisou para sua mãe, indicando acreditar que as motos tinham sido apreendidas.
A mãe de uma das garotas, já desesperada porque não tinha notícias da filha - celular estava fora de área - então foi para a delegacia já suspeitando de que algo de errado havia acontecido. Ainda descrente no pior, quis saber se a filha tinha sido pega em uma blitz. Foi então que os policiais indicaram que a moto havia sido encontrada abandonada no alto do Morro do Garrote. Assim, contou o pai de uma das moças, o agricultor Francisco Rufino. Os policiais então saíram em busca pelas garotas. Mas antes elas já haviam sido encontradas muito debilitadas, por populares.
REPÓRTERES:Â Apoliana Oliveira e Fábio Carvalho/180graus