Os árbitros do futebol profissional brasileiro se reúnem às 19h desta quinta-feira para decidir qual será a forma de protesto que adotarão a partir de agora contra a decisão do governo federal de impedir que a associação de arbitragem receba recursos advindos do direito de arena, que é pago aos clubes de futebol pela dona dos direitos de transmissão dos jogos.
Na rodada da última quarta-feira (12) do Campeonato Brasileiro, os juízes e bandeirinhas utilizaram uma tarja preta na manga da camisa, em sinal de luto. Além disso, fizeram um minuto de silêncio antes do início da partida e ergueram uma placa de substituição de jogadores com o número 05. Ela se referia ao valor de 0,5% que seria o montante do valor pago aos clubes pela TV Globo pelos direitos de transmissão. este valor estava previsto em artigo da MP do Futebol, que se transformou em lei, que foi vetado pela presidente Dilma Rousseff.
Os árbitros, agora, estão em campanha para que o Congresso Nacional derrube o veto presidencial. Para que isso ocorra, é necessário que "as pressões políticas" que levaram ao veto presidencial deixem de existir, de acordo com Marco Antônio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol). "Por isso, nossa reivindicação é para que se abra o diálogo, que os clubes de futebol e a TV Globo sentem conosco e negociem uma saída", diz Martins.
Na noite da última quarta, o presidente da associação estava muito contente com o resultado da mobilização dos juízes na rodada. "Foi um sucesso absoluto (o protesto da arbitragem), tanto pela união que a classe mostrou quanto pela visibilidade que nossa pauta ganhou. Agora, vamos votar em assembleia os próximos passos".
Ele acrescentou ainda que o posicionamento da associação (indicativo) é para a paralisação, é isso que a entidade vai recomendar que decidam os árbitros, ou pelo menos para o estado de greve, O estado de greve é uma situação que é aprovada por uma classe de trabalhadores alertando aos governantes ou aos patrões que a qualquer momento poderão deflagrar uma greve.
Veja, abaixo, quais são as hipóteses que os árbitros cogitam como estratégias de reivindicação para os próximos dias.
1 - Paralisação do Campeonato Brasileiro por uma rodada
Dentre as medidas cogitadas pelos operadores do apito, esta é a considerada mais radical. "Seria a medida de maior força, se o entendimento for o de que as outras partes interessadas no assunto não possuem a menor disposição para o diálogo", afirma Marco Antônio Martins.
O presidente da Anaf informa, porém, que, caso seja este o caminho escolhido, a paralisação não vai acontecer na rodada do próximo domingo. "é que poderiam confundir nosso protesto com as manifestações contra o governo federal que estão marcadas para este final de semana. Não queremos confundir as pautas. Não somos contra o governo, contra o PT ou contra ninguém. Somos apenas a favor da arbitragem".
2 - Paralisação das partidas para "um minuto de protesto"
Seria um ato na linha da mobilização ocorrida nesta quarta-feira, que contou com um minuto de silêncio no início das partidas. A diferença é que as partidas seriam interrompidas no meio para que o protesto tivesse lugar.
"É uma medida progressiva em relação aos protestos de quarta. Primeiro, fizemos atos no início das partidas, sem interferir de nenhuma mamenira no andamento dos jogos. Se o diálogo não for estabelecido, podemos seguir na mesma linha, mas interrompendo por um minutos os jogos em andamento", explica o presidente da Anaf.
3 - Repetição dos atos de quarta e divulgação de uma carta convocatória
Seria a medida mais branda entre as previstas: uma repetição do que se viu na rodada de quarta-feira, com os árbitros usando uma faixa preta em sinal de luto, um minuto de silêncio antes dos jogos e a placa simbolizando o 0,5% reivindicado.
Além disso, o que os árbitros pretendem é publicar uma espécie de manifesto explicando sua reinvidicação e convidando as entidades envolvidas (clubes de futebol, TV Globo e parlamentares) a voltar à mesa de negociação. "Nosso objetivo é retomar o diálogo, não buscamos enfrentamentos", encerra Martins.
* Colaborou Roberto Oliveira, do UOL, em São Paulo