Andressa Urach concedeu uma entrevista exclusiva ao EGO, no apartamento em que mora com o filho, Arthur, de 10 anos, em São Paulo, às vésperas do lançamento oficial de sua polêmica biografia. O livro revela detalhes chocantes de sua vida: o passado como prostituta de luxo, o primeiro orgasmo com um cachorro, o abuso sexual que sofreu na infância, a perda da virgindade com o meio-irmão. As revelações de Andressa tomaram conta das redes sociais na semana passada e ganharam repercussão na mídia.
Com tiragem inicial de um milhão de exemplares, "Morri para viver - Meu submundo de fama, drogas e prostituição" será lançado nesta segunda-feira, 24, às 19h, no shopping JK, em São Paulo, com a presença da autora. Mas, desde já, a obra é um sucesso e começa a faltar em algumas livrarias.
Durante a entrevista, Andressa repetiu várias vezes as palavras “horrível, nojento, asqueroso”, ao classificar seus atos do passado. E atribui sua redenção à grave infecção que sofreu e que a levou quase à morte. Ela garante que escreveu o livro não para se promover, mas para ajudar as pessoas que passam pelo o que ela passou. Com a saúde recuperada e convertida à religião evangélica, a vice-Miss Bumbum e protagonista de escândalos e mentiras assegura: “Hoje tenho paz e durmo com a consciência tranquila.”
Muitas pessoas acham que você quer se manter na mídia com o livro. O que diz disso?
Se durante seis anos tive coragem para fazer o mal intensamente, que eu tenha cinco vezes mais coragem para fazer o bem. Ao relatar no livro tudo de horrível que fiz na vida, pretendo mostrar as pessoas que há chance de mudar. Deus perdoa. Você tem que ser arrepender de seus pecados para nunca mais voltar a cometê-los. Não posso fazer com que pessoas acreditem em mim . Só o tempo vai mostrar. A paz que tenho hoje ninguém me tira.
Um dos temas polêmicos revelados no livro foi o orgasmo com um cachorro. Não achou que expôs demais seu passado?
Falei dele para contar tudo de errado que fiz na vida. Eu precisava ver e me perdoar daquilo tudo que fiz. No interior é muito comum as pessoas se relacionarem com animais. Sei que é horrível, nojento, vergonhoso, mas têm pessoas que fazem isso com vacas, cabras, cachorros, galinhas... Eu tinha 10 para 11 anos quando isso aconteceu. O cachorro era de uma amiguinha na casa do lado. Ela tinha uma criação de cachorros pequinininhos, da raça pinscher. Um dia ela colocou o cachorro em suas partes íntimas e disse que sentia prazer. Acabei colocando ele em mim também e senti prazer com aquilo. É nojento, é horrível, vergonhoso, mas sei que muitas pessoas passam por isso. Tem muita coisa que me submeti na vida na prostituição que tive vergonha de revelar no livro. Coloquei uma tarja na capa recomendando a leitura para maiores de 16 anos. Tenho que poupar as crianças dos assuntos mais fortes.
Como seu meio-irmão reagiu ao ler que você perdeu a virgindade com ele aos 15 anos?
Não queria que meu pai tivesse se pronunciado colocando o nome de ninguém, mas é uma verdade. Eu tinha 15 anos e ele era meu meio-irmão. O conheci adolescente quando caí de paraquedas na casa do meu pai. Então, aos 15, depois de fugir de casa da minha mãe para ir morar com um bandido, ela me mandou para a casa do meu pai. Ele era dono de um bar e eu ia para as festas com o meu irmão. Lá a gente bebia muito e dançava junto. Sempre quando a gente saia, a gente se relacionava depois. Não podia deixar isso de fora. Queria contar a história para as pessoas se identificarem. Quantas pessoas já não se relacionaram com irmão, com meio-irmão, com primo... ? Inclusive essa menina, a dona do cachorro, dormia com o irmão dela, que na verdade era filho do marido da mãe de outro relacionamento. Eles se relacionavam com 11, 12 anos. Os pais nem imaginavam que isso acontecia dentro de casa deles. Quis mostrar aos pais que o perigo pode estar perto. É preciso desconfiar de certos comportamentos apresentados pelas crianças. Quando elas ficam quietas, caladas, revoltadas, é preciso investigar.
Você não tem medo que seu filho sofra bullying com as histórias que contou no livro?
Isso pode, sim, acontecer. Mas vou estar com ele. Sofri bullying na escola por ser magrinha. Todo mundo já sofreu bullying na vida. Eu fui uma ex-prostituta. Não posso mudar o meu passado. Fiz coisas horríveis, errei. Só que agora quero começar uma nova história. Hoje dou valor às coisas simples. Valorizo estar com meu filho, assistir TV com ele, fazer a lições de casa com ele... Hoje tenho outros valores.
Não fica preocupada em deixá-lo aqui na sala ouvindo a entrevista? Não teme despertar nele uma curiosidade para experimentar as coisas antes do tempo?
Minha mãe sempre tentou me proteger do mundo e fiz o que fiz. É melhor eu explicar e contar tudo do mundo para ele. Não posso proibi-lo de escolher o errado. Posso mostrar o caminho certo para o meu filho. Ele vendo isso tudo que aconteceu comigo vai pensar: ‘Não quero isso para mim’; e vai ter a escolha dele. Não vou proibir as escolhas erradas dele. Enquanto puder, vou mostrá-lo o exemplo do dia a dia. A melhor coisa é ser amigo do seu filho, porque os amigos vão apresentar as coisas ruins a ele como os meus amigos me apresentaram o cigarro, a maconha, quando eu tinha 11 e 13 anos. O Arthur esta com 10 anos. Quando ficar mais velho vai poder dizer: ‘Olha o que aconteceu com a minha mãe! Não quero isso para mim.'
Você acha que, de certa forma, foi o abuso sexual que te levou para a prostituição?
O abuso sexual é coisa muito séria que muda muito a personalidade da pessoa. Fere muito a mulher. Mas não posso culpar as minhas escolhas erradas só por causa do abuso. Têm mulheres que sofreram abuso e não caíram na prostituição. Eu virei prostituta por causa de uma necessidade financeira, mas depois surgiu a ambição. Fiz meu primeiro programa com um rapaz lindo, cheiroso e adorei! Ainda por cima me dava dinheiro! Só que depois vieram outros e muitos homens me procuravam porque eram carentes. Muitos só queriam desabafar ou pedir para eu realizar as suas taras. Uns tinham taras de toques diferentes, gostavam que eu dissesse palavras ofensivas e por isso me procuravam. Eu via isso tudo como um trabalho.
Você conseguiu ser feliz no sexo?
Não sei dizer se fui feliz no sexo. São tantas informações que tive nesse tempo que perdi a referência do sexo. Quando fui casada (ela se casou aos 15 anos e engravidou aos 17) vivi a melhor fase da minha vida, mas também ainda não conhecia o sexo da forma que conheci. Mas no trabalho (referente à prostituição) eu tentei dar o meu melhor. Eu senti prazer muitas, muitas vezes.
Conseguia sentir orgasmos?
Muitos, muitos. Até porque eu me vendia mais caro pelo sexo anal porque sabia que era uma coisa que os homens desejavam e pagavam mais. Eu sentia muito prazer no sexo anal. Eu procurava demonstrar o meu prazer não usando gel íntimo e de fato eu sentia prazer. Não lembro do rosto da maioria dos homens com quem me relacionei porque foram seis anos de prostituição. Eu comecei aos 21 anos cobrando 400 reais e o cachê começou a subir.
No livro você cita como seus clientes jogadores de futebol, um ator global, empresários... Todos famosos. Algum deles te procurou para tomar satisfação depois do livro?
Muitas pessoas me procuraram depois do livro, pois estavam com medo de eu revelar seus nomes. A maioria é casada. Só dei o nome do Cristiano Ronaldo porque foi um caso que se tornou público. Eu armei para ele (no livro Andressa conta que tentou, em vão, uma foto com o craque para depois divulgar seu envolvimento com ele na mídia) e lhe pedi perdão no livro. Com isso eu queria também que as pessoas vissem que existe essa realidade. Muitas famosas se prostituem porque o dinheiro é alto: atrizes, modelos, dançarinas, cantoras, porque existe um mercado que paga. Quanto mais famosa, mais você ganha dinheiro. Atingi o auge do valor na prostituição. Existe uma tabela de preço no mercado que vai de R$ 7 mil a R$ 15 mil. Quando a famosa aparece em capa de revista, seu cachê vai para R$ 15 mil. Essa é uma tabela de preço no auge da fama. Um cliente já chegou a me pagar R$ 30 mil.
Você também cita um romance com bicheiro carioca, dono de uma escola de samba do Rio. Como foi esse relacionamento?
Eu era exclusiva dele. Esse também era outro tipo de prostituição que eu exercia. Para ser só do homem, ele tinha que me pagar R$ 30 mil reais por mês. E com esse bicheiro era assim. Ele era casado e eu era exclusiva dele e não me relacionava com mais ninguém. O conheci em janeiro de 2014 e ficamos juntos por cinco meses. Ele era um homem muito bom e pagou a minha fantasia do carnaval todinha! O romance chegou ao fim porque ele não gostou de saber que dancei como stripper em uma boate de Goiânia.
Com o era seu relacionamento com o empresário gaúcho que você menciona na biografia?
Também fui exclusiva dele durante três meses. Ele me bancava e eu ficava só com ele. Esse foi o combinado. A primeira vez que fiquei com ele me pagou R$ 10 mil por duas horas e durante o período que fiquei hospitalizada ele me ajudou com R$ 30 mil. Mas com a minha conversão à religião evangélica eu abri mão dele. Mas não fácil convencê-lo.
Por quê?
Ele não conseguia acreditar que eu deixaria de ficar com ele por causa da minha fé. Que se sexo fosse proibido por Deus, Deus não teria inventado! E eu respondi que era a minha fé. Que eu sabia o que vivi. Agradeci a ele a ajuda no período que mais precisei e ele respondeu que se um dia eu abrisse uma Igreja ele iria me seguir. Então eu me despedi e troquei o número do meu celular.
Como estaria você hoje se não fosse a sua transformação por conta do problema de saúde que te levou ao coma?
Se eu não tivesse tido esse problema de saúde talvez não estivesse aqui para contar. Talvez tivesse sido morta com um tiro porque estava sempre envolvida com bandido em balada, bailes funk... Eu estava bebendo muito. Bebia de segunda a segunda. Fumava, usava maconha, cocaína. Acho que se não fosse a internação talvez pudesse estar presa, porque andava com gente que carregava droga. Eu namorava bandido. Já estava me vendo dentro da cadeia visitando meu futuro marido que seria bandido. Ou poderia estar morta também. Sofria uma grave depressão e pensei em me matar. Só não cometi o suicídio por causa do meu filho. Ele me fez viver. Deus é tão maravilhoso que fez tudo na hora certa e me tirou disso.
Você se apaixonou por um bandido?
Sim. Me apaixonava por todo mundo que me dava amor. No início ficava com vários homens pela quantidade de dinheiro que me davam. Conheci um bandido em uma festa e aceitei ser sua amante. Com o tempo, nessa vida errada, você começa a aceitar o erro e achar que o normal é achar que ninguém presta. Achava que eu nunca fosse mudar, que nunca iria ser feliz. Pensava: ‘Sou uma prostituta, ninguém vai me aceitar’. Por isso que me envolvi com bandidos.
Você se perdoou, Andressa?
Me perdoei de todo o meu coração. Não foi fácil me perdoar. Escrever esse livro foi muito difícil. Mexi com uma ferida que passei a vida inteira escondendo. Só que eu precisava assumir os erros que eu tinha feito. Eu precisava me perdoar. Falar através do livro é uma forma de me perdoar porque estou confessando os meus erros. Quis fazer o livro para essas pessoas que passaram pelo o que eu passei e não têm saída. Achei que eu nunca fosse mudar que nunca iria ser feliz. Peço perdão a todas as garotas de programa que eu humilhei. Eu era nojenta, repugnante. Só pensava em mim e na minha família. Hoje eu tenho paz. Deito no travesseiro e tenho a minha consciência tranquila. Ter paz não tem preço.
Fonte:Â Com informações do Ego