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Polícia e OAB investigam tortura de 17 presos na penitenciária Irmão Guido

Segundo a Polícia e a Comissão de Direitos Humanos da OAB, cerca de 17 presos teriam sido agredidos dentro da penitenciária após tentativa de fuga.

11/11/2015 | Edivan Araujo
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Com manchas pelo corpo, ferimentos de bala de borracha e dores nas costas e tórax, um preso de 26 anos denunciou ontem à noite que vem sofrendo sessões de tortura no presídio Irmão Guido. Segundo a Polícia e a Comissão de Direitos Humanos da OAB, cerca de 17 presos teriam sido agredidos dentro da penitenciária após tentativa de fuga.

O caso só veio à tona após uma advogada ser impedida de falar com seu cliente e receber informações de que ele estaria sofrendo torturas. A advogada Joselda Nery, que é da Comissão de Direitos Humanos da OAB e do Comitê de Tortura, atendia o preso e solicitou de imediato a direção do presídio para realizar exame de corpo delito no detento. Por volta das 20h, o preso foi levado ao IML (Instituto de Medicina Legal) e em seguida para a Central de Flagrantes.

“Meu cliente relatou que vem sofrendo torturas, chegou a chorar e ao subir a blusa constatamos marcas em seu corpo e até um ferimento de bala de borracha”, disse Joselda Nery.

A mãe de outro preso também acompanhou o caso e informou à Comissão que seu filho estaria sofrendo agressões no Irmão Guido.

Segundo a advogada, a tortura estaria acontecendo no parlatório, área restrita onde os presoso falam com advogados e familiares. Ela solicitou que o preso não retornasse ao presídio e pernoitasse na Central de Flagrantes. Hoje pela manhã, ele fará exames no Hospital de Urgência de Teresina.

O delegado Emir Maia, da Delegacia de Direitos Humanos e de Repressão as Conditas Discriminatórias, acompanhou o caso na Central e informou que irá abrir inquérito para apurar o caso de tortura em 17 presos da Irmão Guido.

"O preso vai permanecer na Central. O diretor do presídio poderá responder por crime de omissão, além da equipe que estava de plantão na última segunda-feira (09)", disse o delegado.

A Comissão de Prerrogativas da OAB vai abrir processo para apurar as circunstâncias em que a advogada foi impedida de falar com seu cliente. "O advogado pode falar com seu cliente a qualquer hora e em qualquer situação. Vamos apurar o caso", disse o Luiz Alberto Ferreira Júnior. 

O preso que denunciou está há cinco anos no sistema prisional. Ele já passou por vários presídios, cumprindo pena por tráfico de drogas. Semana passada, o detento estava na Casa de Cúustódia e na última quinta-feira (05) foi transferido para o Irmão Guido.

Fonte: Cidade Verde

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