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Guerra no Afeganistão mata mais de 3,5 mil civis em 2015, diz ONU

Número é o mais alto desde 2009, quando ONU começou a contagem.

14/02/2016 | Edivan Araujo
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Um total de 3.545 civis morreram e 7.457 ficaram feridos no Afeganistão por causa da guerra, o pior saldo desde 2009, quando a ONU começou a conduzir uma contagem anual de mortos - informou a organização neste domingo (14).

O número de 11.002 vítimas civis representa um aumento de 4% em relação a 2014, segundo o relatório da ONU divulgado em Cabul.

(Foto: Reprodução/AP Photo/Rahmat Gul)

Em 2015, uma vítima de cada quatro foi uma criança, o que representa um aumento de 14% em um ano, disse o relatório.

E uma de cada dez vítimas é uma mulher, um aumento de 37%, disse o informe da ONU.

"O mal infligido aos civis é totalmente inaceitável", declarou o diplomata sul-africano Nicholas Haysom, representante especial da ONU no Afeganistão desde setembro de 2014.

"Apelamos a todos aqueles que infligem sofrimento ao povo afegão a tomar medidas concretas para proteger os civis e acabar com as mortes e mutilações", disse Haysom.

Os ataques e combates em áreas povoadas são a principal causa de mortes entre os civis.

O relatório destaca as incursões dos talibãs nos centros urbanos, em particular os ataques na cidade de Kunduz (norte) em setembro e outubro.
Trajetória de guerra e ocupação
Até os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, o Afeganistão era um país quase desconhecido para o público mundial. Sabia-se, quando muito, que lá existiam líderes tribais - que bombardearam estátuas milenares de Buda - à frente de um regime fundamentalista. Hoje, é quase impossível falar de política externa dos EUA ou de relações internacionais e não mencionar a nação asiática invadida pelos americanos e agora afundada em uma crise social, política e econômica.

Para entender o Afeganistão de hoje é preciso voltar um pouco no tempo. Em 1978, em plena Guerra Fria, um golpe levou ao poder no Afeganistão um governo comunista apoiado pela União Soviética (URSS), mas que sofreu bastante resistência interna..
No ano seguinte, a URSS invadiu o país, bombardeando vilarejos e prendendo civis.

Guerrilheiros religiosos, os mujahideen, financiados pelos EUA e pela Arábia Saudita, formaram a principal resistência à ocupação, usando a 'guerra santa' muçulmana, a jihad, como grande causa. Entre esses guerrilheiros, estava o futuro líder da rede al-Qaeda, Osama bin Laden.

Mas as guerrilhas rebeldes, concentradas em sua maioria no Paquistão, não estavam unidas, e de nada adiantava a ajuda em armas e dinheiro enviada pelos americanos.

Com a decadência da URSS e a saída dos soviéticos dez anos depois, em 1989, o governo do presidente afegão Mohammad Najibullah herdou uma crise política e foi derrubado em 1992, quando um acordo entre os mujahideen permitiu a governança.

Nessa época, no sul do Afeganistão, surgiu um outro grupo militante, liderado por Mullah Mohammed Omar, que envolvia aprendizes do Islã sunita que pegavam em armas: o Talibã. "De 1994 a 1996, o Talibã se tornou o ator mais importante na guerra civil com as diversas facções mujahideen e ganhou rapidamente o controle do país e da capital", explica Tobias Selge, pesquisador do Instituto Heidelberg de Pesquisas em Conflitos Internacionais.

O grupo radical dominou a capital, Cabul, em 1996, e assumiu o poder de importantes partes do país. Além de dar abrigo e proteção à rede terrorista da al-Qaeda, eles baniram as mulheres da maioria das atividades fora de casa e proibiram muitas manifestações culturais.

Fonte:G1

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