Raspou a roda do carro no meio-fio? Passou num buraco à noite? Se sua primeira tentação é procurar uma loja especializada para reparar o amassado ou a rachadura, saiba que nem sempre vale a pena. Às vezes, o conserto pode comprometer a segurança, pois há o risco de o pneu perder pressão repentinamente, fazendo com que o motorista perca o controle.
Foi o que ocorreu com o Land Rover Evoque em que viajava o cantor sertanejo Cristiano Araújo, morto em junho do ano passado. De acordo com o laudo do Instituto de Criminalística de Goiás, a causa do capotamento foi a ruptura de soldas feitas na roda traseira direita: com o rompimento, o pneu foi cortado. A perícia descobriu que o aro, que não era original do veículo, apresentava dez pontos de solda, feitos com material de baixa qualidade.
O caso só reforça a importância de pensar duas vezes antes de autorizar o conserto. Quando há, por exemplo, uma trinca no tambor (parte que recebe o ar do pneu), a qualquer momento pode haver perda de pressão, causando um acidente. Essa é uma das situações em que o dano não é visível. Só desmontando o conjunto em oficina ou borracheiro que se nota o problema. O carro, porém, costuma dar sinais, como o volante que trepida ou puxa para um lado. Segundo especialistas nesse tipo de serviço, o limite para realizar o reparo de uma trinca na região do tambor é de no máximo 2 milímetros.
Na dúvida, troque!
Outra situação comum é a rachadura ocorrer nos raios da roda, o que também pode comprometer a estrutura do aro e a segurança. Geralmente, quando a avaria supera os 5 milímetros, não há o que fazer. É de partir o coração (e o bolso), pois uma roda de liga leve custa no mínimo R$ 800. É por isso que, nos aros de aço, que custam a partir de R$ 100, dificilmente o conserto vale a pena – o reparo varia na média de R$ 50 a R$ 200. Se houver dúvidas, opte pela troca.
Antes de decidir pelo reparo, o técnico precisa submeter a roda a medições para verificar a extensão do dano e até passá-la por um exame de ultrassonografia para detectar fissuras invisíveis a olho nu. Quando for possível, o conserto pode ser feito por vários métodos. Um deles é o desempeno, por gabarito (ela é colocada num torno para ser desamassada manualmente) ou hidráulico (uma máquina recupera as medidas originais). Em ambos, a peça não é submetida a altas temperaturas, o que afetaria as propriedades físicas do material. É o que ocorre quando ela é desentortada com um maçarico, método mais desaconselhável. O reparo por solda não chega a ser um grande problema, desde que feito por um profissional treinado e dentro das normas técnicas. Já riscos e arranhões simples, que só comprometem a estética, são facilmente recuperáveis, com o uso de produtos abrasivos e um bom polimento.
Falsificação
Além do conserto inadequado, as rodas podem sofrer de outro mal que afeta a segurança do motorista: a falsificação, que atinge principalmente as marcas mais conceituadas. É o caso da alemã BBS, que chegou até a acionar a polícia para investigar um esquema montado para importação de rodas iguais às originais na aparência, mas de qualidade bem inferior.
O maior perigo do produto pirata é o risco de quebra com o veículo em movimento. Por isso, é bom ficar de olho em número de série ou selo de autenticidade. Se houver qualquer dúvida, ligue para o fabricante ou representante no país para conferir se o produto é verdadeiro. No entanto, há um método mais simples para detectar falsificações: o preço baixo demais. Uma boa roda de liga custa na média de R$ 1.500 a R$ 2.000, mas não é raro chegar a R$ 10.000 a unidade, no caso das importadas que equipam os esportivos.
Ao escolher uma roda, alguns vendedores recomendam que se manuseie a peça para verificar seu peso menor. Não funciona. É fato que o aro de liga é 15% mais leve, na média, que o de aço, mas está longe de ser uma regra. Como o principal fator de compra da roda de liga é o design, ela pode ter um desenho muito sofisticado ou ser mais reforçada para evitar quebras, o que pode deixá-la mais pesada que a versão comum.
Fonte: MSN