Por Rômulo Maia
Fotos: Eric Costa
Se o laudo do Instituto de Criminalística do Piauí não conclui se Fernanda Lages pulou ou foi jogada do 6º andar do prédio do Ministério Público Federal, ele deixa evidente a série de erros cometidos na área onde o corpo foi encontrado.
Em vários trechos do documento, os peritos ressaltam o trabalho amador de quem isolou a área e demarcou algumas evidências. Elementos foram movidos, descaracterizando o cenário. A grande quantidade de pessoas no local também dificultou o trabalho dos peritos. “Atente-se para a desorganização do ambiente, bem assim, para a disposição aleatória de materiais e resíduos”, diz a folha sete do laudo.
Há ressalvas quanto ao isolamento do carro e do acesso ao prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), por onde Fernanda entrou. Fotos mostram o portão destrancado e livre momentos depois do corpo ser encontrado, “desprovido de qualquer dispositivo de proteção e, por conseguinte, sem nenhum controle de acesso”.
Ao lado do automóvel modelo Fiat Uno de Fernanda, os peritos apontam “farta quantidades de pegadas impressas no solo”. Isso, na avaliação da perícia, indica que houve intensa movimentação de pessoas ao lado do veículo antes de ser providenciado o isolamento. Os próprios policiais do 5º Distrito Policial transpuseram as correntes e abriram as portas do carro sem estar usando luvas. A equipe do Portal AZ presenciou esse momento.
Mais críticas surgem quando o laudo trata da área onde o corpo foi encontrado. Além do grande número de pessoas no canteiro de obras do MPF, os seis profissionais da Perícia Criminal mostram que elementos do cenário foram movidos de lugar. Pegadas, a chave do carro e até massa encefálica foram demarcados com materiais de construção. O corpo de Fernanda chegou a ser coberto com uma placa de papelão encontrada na própria obra.
Apesar das críticas impressas no laudo, a Perícia Criminal também cometeu suas trapalhadas. Imagens da TV Meio Norte mostram que uma luva que estava ao lado do corpo foi retirada involuntariamente da cena, quando os peritos removeram o papelão que cobria Fernanda. Uma sacola que voava pelo canteiro de obras foi utilizada por eles para guardar algumas evidências.
Em entrevista a um canal de televisão local, o delegado Paulo Nogueira, que preside o inquérito, afirmou que a perícia só cogitou a possibilidade de Fernanda ter caído do alto do prédio do MPF quase uma semana depois.
Policiais do 8º Batalhão da Polícia Militar foram as primeiras autoridades a chegarem ao local. Foram eles quem acionaram o 5º Distrito Policial. A Perícia Criminal e o Instituto Médico Legal chegaram posteriormente.
Fernanda Lages foi encontrada morta no dia 25 de setembro deste ano. Há três dias do fim do prazo, a Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito.
Fotos de arquivo do Portal AZ comprovam o que afirma o laudo:
Dezenas de pessoas observam corpo de Fernanda no prédio do MPF
Policiais ao lado do carro de Fernanda Veras
Corpo de Fernanda coberto com papelão encontrado na obra
Material da obra é utlizado para isolar evidência
Portal AZ