Investigadores da Polícia Federal acreditam que a quadrilha que fraudou o Enem tenham conseguido com antecedência as respostas para a de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, cuja pontuação é decisiva para a seleção de cursos de medicina. O inquérito ainda não foi concluído, mas são fortes os indícios de que as questões foram vazadas antes do exame, segundo mostrou a edição deste domingo do programa Fantástico, da Rede Globo.
O programa revelou diálogos entre membros da quadrilha e seus clientes por ponto eletrônico. ‘Eu tô com o gabarito da Prova Azul, beleza?’, diz um dos integrantes do bando, ainda não identificado, a um candidato no Ceará, em ligação feita apenas seis minutos depois do fechamento dos portões. ‘Quer anotar logo ou quer esperar a prova? Melhor anotar logo’, orienta. Segundo apurou o Fantástico, o candidato, que a PF identifica como Antonio Diego Lima Rodrigues, começou a receber as respostas meia hora depois da primeira ligação: ’46, b; 47, c; 53, d…’
Antonio Diego foi preso no dia seguinte à prova. Disse que é enfermeiro e secretário de Saúde em Alto Santo, no interior do Ceará. Estava tentando ingressar em uma faculdade de medicina e admitiu que já se passou por médico no Piauí. Segundo ele, Olavo Martins, membro da quadrilha, ofereceu o serviço de cola eletrônica por entre 40 e 50 mil reais.
À polícia, Olavo negou trabalhar para a quadrilha, mas admitiu que prestou o Enem no lugar de outra pessoa, Rodrigo Ferreira Viana, que os investigadores acreditam ser o líder do bando. Viana também foi preso e contou, ainda segundo o Fantástico, que uma candidata que contratou a cola eletrônica pagaria 100 mil reais pelas respostas.
Essa candidata é Sofia Azevedo Macedo. Em outra gravação revelada neste domingo, Felipe Alan Araújo Nunes passa as respostas do Enem à Sofia. Conforme o combinado, a quadrilha identificaria o começo da pergunta e o começo da resposta: “‘Em sua fórmula’, ‘solubilidade do óleo’. ‘Portadores’, ‘desidratação’. ‘Um pesquisador’, ‘mexilhões'”. A candidata foi presa em flagrante, pagou fiança e foi solta. Segundo a defesa, ela foi vítima da quadrilha.
A PF ainda não sabe como o bando teve acesso ao gabarito antes do início da prova.
(Com informações da VEJA.com)