Biólogos e veterinários do Centro de Primatologia do Estado do Rio e do zoológico da capital intensificaram nesta quarta-feira (4) as buscas pelo macaco da raça 'bugio' que atacou a quinta vítima essa semana em Cordeiro, na Região Serrana do Rio. Eles tentam atingir o animal com dardos tranquilizantes.
A costureira Rosemary Antônio conta como escapou por pouco de ferimentos graves nesta terça (3). Foram quatro ataques só no mês de dezembro.
“A minha irmã tinha visto ele na árvore. Quando a gente estava se aproximando pra ir embora, ele desceu da árvore, atravessou e se armou. A minha irmã e a minha sobrinha correram. Quando eu vi ele estava grudado nas minhas costas. Aí eu peguei a bolsa e mandei em cima dele”, contou.
Segundo Rosemary, o macaco é muito rápido. “Ele abaixa, se arma, se arrepia e parte. Na hora, eu só chorei, suava, não consegui dormir a noite toda”, relembrou. Há uma semana, policiais ambientais, integrantes do Corpo de Bombeiros e do Parque Estadual do Desengano tentaram capturar o animal e a família dele.
O que chama a atenção é que a família de macacos vive na área de preservação ambiental do bairro Posto Zootécnico. Mas casas foram construídas próximas a Mata Atlântica. Entre as vítimas do ataque no mês passado, estavam quatro crianças. Todas foram liberadas do hospital.
Enquanto a captura não é feita, quem tem casa perto da mata fica tenso com a situação.
“Meus netos não vêm mais aqui, com medo do macaco. Eu não vou dizer que o bicho é errado. Alguém fez alguma coisa para ele reagir do jeito que está reagindo”, disse uma moradora.
O caso mais grave foi com uma menina de 5 anos. Ela foi atacada e teve ferimentos em uma das mãos e na cabeça. Ela e outra criança estão entre as vítimas que ficaram feridas e foram levadas para o hospital.
O medo aumenta porque o macaco não está ficando somente na mata. Eles entram nos quintais das casas e acabam atacando ao se sentirem ameaçados.
“Só deu tempo de pegar a vassoura e expulsar ele e pegar ela no colo e levar lá pra frente, onde estava minha irmã e o outro tio dela. Corremos com ela para o hospital", disse Janaína de Jesus, que conseguiu ajudar a sobrinha. Outra menina que estava com a vítima conseguiu fugir.
Segundo Carlos Dario, chefe do Parque Estadual do Desengano, a operação visa capturar o bicho sem machucá-lo e levá-lo para um ambiente mais seguro. “A primeira coisa é ver o estado dele, por isso nós estamos com biólogos e os veterinários para avaliar a condição dele. Ele estando apto pode ser solto em qualquer fragmento florestal próximo parque. Pegando um, atrai os outros e a gente consegue levar a unidade familiar completa, disse Carlos.
Já para o ambientalista Fernando Cavalcanti, a relação entre moradores e animais só é possível se a vizinhança passar por um processo de educação ambiental. “ Os tataravós deles (macacos) devem ter vivo em áreas de mata muito maiores do que eles estão submetidos neste momento. Na realidade, ele deveria estar numa mata que tivesse água e as condições dele. Por causa disso, ele já fica nervoso, além do fato dele estar com a cria, com a família”, afirmou.
Outro fator agravante é que algumas crianças teriam jogado pedras nos animais. “Conversamos com alguns moradores e muitos relataram que viram crianças jogando pedras, pedaços de galhos e fazendo reflexo com pedaços de espelho no olho do animal. Então, ele quando vê criança uma criança, ela se tornou uma ameaça iminente pra ele. Outro porém é que alguns moradores alimentaram os animais, fazendo com que os macacos perdessem a noção de limite”, disse Iago Couto, secretário da ONG Ser da Terra que atua em Cordeiro.
Fonte: G1 Região Serrana