A mediação tecnológica é um sistema de videoaula que a Secretaria Estadual de Educação do Piauí adotou em suas escolas para substituir professores em algumas disciplinas. Inaugurado no ano passado na maior parte do estado, esse meio eletrônico não vigorou em algumas cidades, onde as aulas continuaram sendo com professores presenciais.
Mas não foi o que aconteceu na U. E. Álvaro Rodrigues, em Itainópolis. Ali, os alunos do turno da noite tiveram que assistir por televisão às aulas de Espanhol, Matemática, Química, Física e Educação Física. Este ano, porém, pode ser que as coisas tomem outro rumo e todas as aulas voltem o que era antes.
A Seduc enviou à escola, nas tarde desta sexta-feira (17), duas técnicas representantes do chamado Canal Educação, para se reunir com alunos e pais de alunos e explicar as eles o motivo e as vantagens das videoaulas, também chamadas de mediação tecnológica. A reunião aconteceu no auditório da referida escola, e contou também com a presença da supervisora de ensino, Maria dos Remédios; do diretor, Valdecleide Geraldo; e do professor Anderson Monteiro.
As enviadas da Seduc, Maria de Jesus Magalhães Oliveira e Rosimeire Melo da Costa e Silva, iniciaram sua explanação consultando os pais e os alunos sobre o que eles sabiam da mediação tecnológica. Colocações e perguntas foram surgindo, e a resposta a cada uma delas iam sendo dadas. Entretanto, tanto os pais quanto os filhos pareciam irredutíveis à proposta. E alguns alunos seguravam cartazes em protesto contra a mediação tecnológica.
A primeira mãe a se posicionar contra esse tipo de recurso alegou que os alunos terão mais dificuldades em aprender pela televisão e que os horários das aulas passarão a ser incompatíveis com o transporte escolar, que retorna às localidades rurais às 17h00, ou seja, antes do fim da aula da mediação. Já Cleonilson Monteiro, pai de aluno, elencou os pontos negativos nesse tipo de ensino, tais como imagem que congela; falta de interação entre professor e alunos; dificuldades de assimilação das matérias de cálculo; entre outros.
A partir daí, outras colocações foram surgindo por parte de algumas mães. Lúcia de Fátima, por exemplo, foi aplaudida quando disse: “nós queremos é professor na sala de aula”. “A experiência nós já tivemos, no ano passado, e foi uma negação”, declarou Antônia Maria. “Nós queremos é crescer, e o que estamos vendo é Itainópolis diminuir”, acrescentou Francilene Silva. E Maria Francimeire arrematou: “nós não vamos querer”.
Depois que Maria de Jesus explicou que a mediação tecnológica veio porque em Itainópolis não há professores especializados em determinadas áreas, o professor Anderson Monteiro interveio na discussão. Ele lembrou o reconhecimento que o Álvaro Rodrigues já teve pela educação que oferecia, tendo, inclusive, professores vindos de outras cidades, como Vera Mendes, Picos, Monsenhor Hipólito, Santo Antônio de Lisboa e até mesmo de Teresina. E questionou: “se antes podiam trazer de outras cidades professores que não tínhamos aqui, por que que hoje não podem mais?”. Estudante do 2º ano, Samuel Borges asseverou: "o governo tem dinheiro para comprar todo esse equipamento, manter internet, pagar mediador, e não tem para contratar professor?".
A reunião, que durou cerca de 50 minutos, se encerrou sem uma definição. No entanto, Maria de Jesus e Rosimeire Melo prometeram levar para a Seduc os pareceres ali apresentados pela comunidade escolar e atribuiu ao setor de lotação a solução para o embate: “A única saída é encontrar professor. Se o setor de lotação encontrar professor especializado, acaba a mediação.” Concluiu.