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Rivalidade entre irmãos pode ser positiva, diz pesquisa

06/11/2011 |
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Rivalidade entre irmãos pode ser positivaPesquisas realizadas nos últimos anos evidenciaram o que caracteriza e revela a dinâmica entre aqueles que são e têm irmãos, além dos genes em comum. Se os seus filhos vivem se atormentando, saiba que até as briguinhas entre eles têm efeitos positivos: o conflito entre irmãos amplia as habilidades sociais e ajuda no desenvolvimento emocional.

Jeffrey Kluger é autor de "The Siblings Effect: Brothers, Sisters and the Bonds that Define Us" ("O efeito dos irmãos: irmãos, irmãs e os vínculos que nos definem", em tradução literal). De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, o livro inova ao propor o relacionamento entre irmãos como um fator primário para a formação da personalidade de todos aqueles obrigados a dividir algumas coisas na vida em família - do último pedaço de bolo de chocolate ao brinquedo preferido. Antes, os principais focos das pesquisas sobre os fatores determinantes da personalidade giravam em torno dos pais, do DNA e de fatores socioeconômicos.

"Nossos cônjuges chegam comparativamente tarde em nossas vidas; nossos pais eventualmente nos deixam. Nossos irmãos podem ser as únicas pessoas que realmente se qualificam como parceiros para a vida", escreveu Kluger. Por isso, separamos cinco fatos sobre a experiência de ter irmãos. Conheça-os abaixo e saiba o que especialistas dizem a respeito.

1. Manter um relacionamento próximo com os irmãos faz bem à saúde

Uma pesquisa da Universidade de Harvard com homens na terceira idade constatou que, dentre os 173 participantes, ter tido uma proximidade com os irmãos na época de faculdade estava intensamente ligado à boa saúde emocional.

De acordo com Ivete Gattás, psiquiatra da infância e adolescência da Unifesp, ter relações de confiança e segurança no início da vida e na fase adulta é mesmo um fator de proteção para possíveis transtornos mentais. Mas isso não precisa acontecer somente entre irmãos. "Pode ser com um amigo muito íntimo ou um parente, desde que haja uma relação estreita", diz.

Para a psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em terapia familiar e de casal, um irmão pode servir para dividir tudo o que for necessário: de conquistas a problemas. "Em determinada fase da vida, os filhos precisam cuidar dos pais. Se você não tem irmãos, acaba ficando tudo em cima de uma pessoa só", diz. No futuro, o apoio de um irmão também pode tornar a perda dos pais menos dura. Há coisas, afinal, que só os irmãos podem entender - e, por terem vivido tanto juntos, podem compartilhar a mesma dor.

2. Irmãos mais velhos são tão influentes quanto os pais


Segundo a pesquisadora Laurie Krammer, professora de Estudos Aplicados da Família da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, os irmãos menores podem sofrer uma influência considerável dos mais velhos que, em muitos casos, têm um papel de "agentes da socialização". São eles, portanto, que irão influenciar o comportamento do pequeno nas situações fora de casa, como na escola ou com os amigos.

Para Ivete Gattás, os mais velhos realmente irão servir de modelo para os mais novos quando os pais não estão. Por outro lado, para Marina Vasconcellos, tudo depende de como eles se dão. "Se um irmão mais novo vai a uma festa com o mais velho, eles podem tanto ser cúmplices um do outro como podem ir a contragosto", comenta.

3. Irmãos são antídoto para a solidão

Após manter contato com 395 famílias com mais de um filho, a professora e pesquisadora Laura Padilla-Walker, da Universidade Brigham Young, em Utah, constatou que ser próximo a um irmão ou irmã, além de promover generosidade e gentileza nas atitudes de uma criança, pode também servir de proteção para sentimentos como medo e solidão durante a adolescência. As meninas, especificamente, possuem um papel mais forte nesta hora, por tenderem a ser mais comunicativas que os meninos.

Ivete Gattás faz uma ressalva e alerta os pais que, às vezes, alimentam a competição e a rivalidade entre os filhos, mesmo sem querer, destruindo este laço e o apoio possível. "Essa relação irá depender da personalidade de cada um e de como os pais organizam a relação entre os filhos", diz.

4. A rivalidade e as brigas entre irmãos podem ter, sim, pontos positivos

Um estudo da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, examinou durante cinco anos o desenvolvimento cognitivo e social de 140 crianças entre dois e seis anos. As descobertas foram parar no livro "Social Understading and Social Lives" ("Compreensão social e vidas sociais", na tradução literal), da pesquisadora Claire Hughes, do centro de pesquisas familiares da mesma Universidade. O que mais chamou foi o quanto ter irmãos pode ter um efeito positivo no desenvolvimento de uma criança, mesmo se a relação entre eles não for tão cordial.

"Na visão tradicional, ter um irmão ou irmã leva uma criança a competir pela atenção e amor dos pais. No entanto, nossas evidências sugerem que a compreensão social das crianças pode acontecer mais rapidamente por causa da interação com os irmãos", afirma Claire no site da Universidade. Quando a convivência entre irmãos leva à aquisição de repertório sobre como lidar com conflitos e fazer acordos, ela pode ser bastante construtiva.

Segundo a pesquisa, mesmo quando a rivalidade entre as crianças se manifestava em provocações frequentes, constatou-se que os mais novos passaram a ter uma maior compreensão social ao longo dos anos e se tornaram capazes de conversar sobre seus sentimentos quase de igual para igual com os mais velhos.

5. A ordem de nascimento pode influenciar a personalidade


O psicólogo Kevin Leman afirmou, no livro "The Birth Order Book" ("Livro da Ordem de Nascimento", na tradução literal), que a ordem de chegada na família afeta a personalidade de uma pessoa que tenha irmãos - e até mesmo as que não têm. Mas de acordo com Marina Vasconcellos, tudo dependerá dos pais e da expectativa que colocam no filho desde que nasceu.

Segundo Ivete Gattás, a influência pode simplesmente surgir pelo fato de cada irmão nascer em diferentes épocas emocionais ou econômicas dos pais. "Não acredito que tenha tanto a ver com a ordem, mas sim, com como os pais estão naquele momento. Quando se tem um primeiro filho, há muita expectativa e insegurança. Quando chega o segundo, você está mais tranquilo".

A especialista acredita que há mais especulação do que ciência ao redor dessa premissa, mas o comportamento dos pais diante de um ou outro filho pode naturalmente colaborar para que um seja mais independente e o outro, mais exigente consigo mesmo.

Fonte: com informações do IG

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