Matéria / Esportes

Revoltado com arbitragem, Inter cita 2005 e sugere entrega de taça a vencedor de Fla x Palmeiras

Colorado manifesta ira com decisões recentes da arbitragem e sugere até que CBF acrescente no regulamento que clube não possa ser campeão: "É uma vergonha o que está acontecendo"

27/10/2018 | Edivan Araujo
Técnico Odair Hellmann / Foto:G1

Assim que o árbitro Igor Benevenuto apita o fim da partida em São Januário, imediatamente os colorados disparam na direção do juiz, na noite desta sexta-feira, em São Januário. Esbravejam pela marcação do pênalti polêmico de Víctor Cuesta em Kelvin aos 44 minutos do segundo tempo, em lance capital que resultou o empate em 1 a 1 do Inter contra o Vasco. E que resultou na ira dos jogadores e dirigentes gaúchos.

A revolta de atletas e da comissão técnica após o empate ainda rendeu a expulsão de Edenílson. Mas era apenas o prenúncio da ira enraizada a níveis institucionais no Inter com as decisões do juiz da partida. E que foi externada pela diretoria do clube nos microfones.

O primeiro a se posicionar em frente às câmeras foi o vice de futebol Roberto Melo. Em tom alterado, o dirigente deixou o inconformismo transparecer logo na primeira resposta.

"O que eu tenho vontade de falar, talvez não possa. O que dá para falar é que é uma vergonha o que está acontecendo. É um sentimento de nojo, de raiva, por tudo que está acontecendo. O que aconteceu hoje, no Beira-Rio contra o Santos, e no próximo, e no próximo... É difícil entender." (Roberto Melo).

Inter reclama de falta sobre Nico López em lance que originou pênalti do Vasco

Inter reclama de falta sobre Nico López em lance que originou pênalti do Vasco

O dirigente foi além em sua fúria com as decisões recentes da arbitragem contra o Inter. Dada a badalação do confronto direto na ponta de cima da tabela entre Flamengo e Palmeiras, neste sábado, no Maracanã, Melo sugeriu que a taça do campeonato seja entregue ao vencedor. E sugeriu, com ironia, que seja acrescentado no regulamento que o Colorado não pode ser campeão.

– A gente passou o dia ouvindo programas que falavam que a final do campeonato era amanhã (sábado). Talvez seja. Tudo indica isso. Depois de terminado o jogo, a quem vencer, se entregue a taça. Eu sugeriria que se colocasse no regulamento do campeonato que o Internacional não pode ser campeão. E também que o time que vem da Série B não seja campeão. No início do ano, perguntei na CBF por que nossa tabela era tão dura no começo. Me disseram que para os clubes da Série B é mais difícil. Não tinha fundamento a explicação – disse Melo.

– É muito difícil entrar no vestiário e dizer para meu técnico e meus jogadores que ainda dá. Tem muitas coisas estranhas acontecendo. Se é mais bacana, dá mais Ibope Palmeiras e Flamengo disputarem o campeonato, legal. É difícil um time de Porto Alegre, do Nordeste, ser campeão. Sugiro também que se faça um campeonato só com times do Rio e de São Paulo – emendou.

Roberto Melo citou até o Campeonato Brasileiro de 2005, que permeia o imaginário colorado pela inconformidade de uma estrela "ausente" na camiseta. Naquele ano, o Inter fez uma campanha irretocável e estava perto de conquistar o tetra, não fosse prejudicado pelo escândalo da Máfia do Apito, que fez 11 jogos serem anulados após interferências dos árbitros Edilson Pereira e Paulo José Danelon. O Corinthians foi o campeão.

– Todos se sentem lesados. Todos se sentem quase que, nesse momento, incapazes de conquistar aquilo que a gente luta tanto. O Inter não pode mais… Em 2005 também teve. Não sei mais o que pode acontecer para evitar que a gente seja campeão ou dispute o campeonato até o final – afirmou.

A fúria dos colorados tem a ver com todo o lance que resultou no pênalti cometido por Víctor Cuesta em Kelvin e convertido por Maxi López. Ainda à beira do campo, Odair reclamou de falta de Werley em Nico López na origem da jogada.

Colorados cercam juiz após apito final — Foto: André Durão

Colorados cercam juiz após apito final — Foto: André Durão

A revolta, porém, começa ainda na segunda-feira, no empate em 2 a 2do Inter com o Santos, no Beira-Rio. Os colorados reclamaram da demora de Ricardo Marques Ribeiro, que levou cinco minutos para assinalar impedimento e anular gol de Leandro Damião quando o jogo estava empatado em 1 a 1. O clube até já acionou a CBF com uma queixa formal pela arbitragem da partida.

Presidente diz que arbitragem "suja história"

Marcelo Medeiros ficou inconformado pelo segundo jogo seguido — Foto: Emanuelle Ribeiro

Marcelo Medeiros ficou inconformado pelo segundo jogo seguido — Foto: Emanuelle Ribeiro

Pelo segundo jogo consecutivo, o presidente Marcelo Medeiros quebrou o protocolo do clube e se manifestou após a partida – algo pouco usual. Inconformado, o mandatário disse que a partida desta sexta "violenta" o futebol brasileiro. E garantiu que irá se mobilizar para que seja utilizado o recurso de vídeo nas rodadas finais do Brasileirão.

– Esse fato suja a história do Vasco, a história deste estádio e violenta o futebol brasileiro. A reclamação não é só do inter. Futebol brasileiro não pode mais viver sem VAR. É preferível que não se tenha esse monte de árbitro dentro de campo. O Inter vai liderar, sim. A partir de amanhã (sábado), vou procurar todos os presidentes dos 20 clubes da Sèrie A para que assinemos um documento e se utilize o VAR nas últimas rodadas – disse o mandatário.

Inter não joga a toalha por título

Após o 1 a 1, o Inter pode ver o Palmeiras abrir sete pontos de vantagem, em caso de vitória sobre o Flamengo. Mas a distância também pode cair para quatro pontos, em caso de triunfo dos cariocas. Projeções à parte, o clube se mobiliza para não jogar a toalha.

– Mesmo sendo muito difícil, a gente não vai se entregar. É isso que alguns querem. O pênalti é uma vergonha. O Brasil todo está dizendo que não foi. Depois de uma partida dura, o juiz me dá aquele pênalti. Fica difícil fazer futebol assim. Eles podem fazer o que quiserem, mas a gente não vai desistir – diz Melo.

Com o empate, o Inter chega a 58 pontos e mantém a terceira colocação. A equipe, porém, pode ver o líder Palmeiras abrir sete pontos de vantagem, caso vença o Flamengo no Maracanã. O Colorado volta a campo apenas no domingo, 4 de novembro, às 19h, quando recebe o Atlético-PR no Beira-Rio, em partida pela 32ª rodada do Brasileirão.

 

Fone: G1

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