Por José Bonifácio
Embora o DNOCS e a Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional tenham anunciado a liberação de R$ 151,9 mil - no início de novembro passado - para recuperação do açude Cajazeiras, no município de Pio IX, o sexto maior lago artificial do Piauí se encontra completamente abandonado e, por consequência, em estado crítico de conservação.
Concluído na década de 1950 (salvo engano, em 1958), o barramento Cajazeiras tem capacidade (ou pelo menos tinha, antes do assoreamento) para acumular 24,7 milhões de metros cúbicos de água, perdendo apenas para Boa Esperança (o maior de todos, em Guadalupe), Piaus (São Julião), Caldeirão (Piripiri), Barreiras (Fronteiras) e Ingazeiras (Paulistana).
Além do reduzido volume de água (atualmente está com menos de 12 milhões de metros cúbicos), já que "sangrou" pela última vez em 2006 e nos últimos dois anos quase não acumulou água, devido à irregularidade climática, o Cajazeiras possui vários processos erosivos na parede, onde se percebe fissuras no revestimento construído com pedra/laje e rejuntado com cimento.
Tal situação leva qualquer leigo no assunto a suspeitar de que no maciço do barramento existam galerias abertas, provocando vazamentos, comprometendo cada vez mais sua estrutura e aumentando as chances de rompimento por ocasião dos próximos períodos chuvosos.
O problema maior é que os recursos anunciados recentemente pelo Governo Federal (através do DNOCS) são por demais escassos, insuficientes para os trabalhos a serem efetuados, tendo em vista que há necessidade de recuperação em praticamente todo o maciço (paredão de terra).
Também deverão ser realizados serviços nas estruturas complementares, como: manutenção dos sistemas de comportas das galerias, desmatamento, destocamento e limpeza dos taludes e, ainda, recuperação do sangradouro, da tomada d’água e dos sistemas hidromecânicos.
Em função disso, parece que nenhuma construtora topa executar o serviço de recuperação do Açude Cajazeiras pelo valor oferecido, essa obra erguida na metade do século passado, com a finalidade de armazenar água para os períodos secos na região de Pio IX, no leste do Piauí.
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