Sotaques, rostos, cores e gestos diferentes. O povoado de Várzea Queimada, no município de Jaicós, Piauí, abriga neste início de fevereiro 42 pessoas de oito estados brasileiros e dois países no projeto A Gente Transforma (AGT), liderado pelo designer Marcelo Rosenbaum.
Fazendo jus ao nome, o AGT vem movimentado a vida dos 800 moradores do povoado que têm concentrado tempo, esforço e alegria na construção do Centro Comunitário e na elaboração de uma coleção com peças artesanais produzidas com palha de carnaúba e pneus reciclados.
O designer e coordenador do AGT justifica a escolha de Várzea Queimada para a realização da segunda edição do projeto. “Esta localidade foi escolhida, principalmente, pela potencialidade de sua matéria-prima e dos artesãos que já vivem de forma sustentável, respeitando a natureza e produzindo peças belíssimas”, explica Marcelo Rosenbaum.
A construção do Centro Comunitário utiliza o método da permacultura, prática ambientalmente sustentável que aproveita os recursos naturais da localidade. No caso de Jaicós, o sol, o vento e a água serão aproveitados para proporcionar conforto térmico, iluminação e ajudar na irrigação.
“Essa técnica não ficará restrita ao Centro Comunitário, a comunidade está ajudando a construir isso e podem aplicar esses princípios em suas casas e assim potencializar os recursos naturais disponíveis”, disse Marcelo.
A experiência tem enriquecido não apenas a população do povoado. 17 estudantes de todo o Brasil aprendem na prática técnicas para o desenvolvimento sustentável. Para a piauiense, Letícia Lopes, estudante de arquitetura, a experiência está sendo algo enriquecedor. “Estou ajudando a construir isso e crescendo muito como profissional e pessoalmente. Através desse projeto estou conhecendo meu Piauí e sendo uma agente transformadora dessa comunidade”, declara a estudante.
Enquanto uma parte dos moradores e os arquitetos erguem o Centro Comunitário, as artesãs e artesãos aperfeiçoam suas habilidades com a palha da carnaúba e a borracha oriunda de pneus velhos na criação de novas peças a serem expostas na Itália no mês de março. “Antes, nossa borracha só se transformava em chinelos, agora estamos fazendo artigos de decoração que relembram nossa terra, como o caju e a carnaúba”, revela José Reis, que recicla pneus desde 1988.
Homens reciclam pneus e as mulheres trançam a palha, transformando-a em cestas, chapéus e esteiras. “Estamos correndo muito para concluir nosso material para a Feira na Itália. É prazeroso trabalhar em comunidade e estamos todas empolgadas”, revela a artesã Albina dos Santos.
Fonte: GP1