A expansão dos cursos de Medicina é uma preocupação das entidades médicas nacionais. No Piauí, o Conselho Regional de Medicina (CRM) acompanha com desconfiança a possibilidade de abertura de novos cursos em Parnaíba e Picos.
O CRM não só é contra, como vai “tentar de todas as maneiras” vetar a idéia, que faz parte do projeto de interiorização da Universidade Federal do Piauí (Ufpi). O principal argumento é que “não há condições estruturais, funcionais e nem humanas” para a abertura de cursos nos dois municípios.
“Aumenta a cada dia o número de estudantes de Medicina que estão fazendo cursos sem condições mínimas de aproveitamento. Sabemos, por exemplo, que a Ufpi está querendo abrir vagas para Medicina em Picos e Parnaíba. Ora, se em Teresina você tem dificuldades em oferecer condições dignas de um programa de internato, imagina em Parnaíba e em Picos”, reflete Fernando Correia Lima, presidente do CRM do Piauí.
Atualmente, duas universidades públicas e duas faculdades particulares de Teresina são autorizadas a ofertar vagas para Medicina. Essas quatro escolas suprem a demanda de profissionais do Estado. Segundo o CRM, a prova disso está no Estudo da Demografia Médica no Brasil. O documento produzido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostra que o Piauí forma médicos suficientes para as suas necessidades.
“Está provado cabalmente no estudo que nós não temos falta de médicos, o nosso problema é de concentração de profissionais em Teresina”, afirma o presidente do CRM. Segundo Fernando Correia Lima, a má distribuição de médicos é reflexo direto da baixa remuneração e da estrutura precária de trabalho no interior do Estado.
Expansão responsável
O projeto pedagógico dos cursos de Medicina de Picos e Parnaíba já foram elaborados e aprovados no âmbito da Universidade Federal do Piauí (Ufpi). Os documentos, entretanto, ainda não foram encaminhados ao Ministério da Educação.
Evitando comentar a opinião do CRM, a professora Regina Ferraz, pró-reitora de Ensino de Graduação da Ufpi, descarta a possibilidade dos cursos serem abertos sem a estrutura necessária. “Se algum dia essas graduações forem criados, é porque existem as condições necessárias”, diz.
COm informações do Jornal O Dia