Matéria / Esportes

Adeus, Animal: Edmundo marca duas vezes e Vasco massacra: 9 a 1

29/03/2012 |
/

Craque, veloz, polêmico, goleador, habilidoso, ídolo. Animal. Adjetivos não faltam para descrever Edmundo Alves de Souza Neto. Em 16 anos de carreira, o hoje ex-jogador marcou seu nome na história do futebol brasileiro. Faltava apenas uma festa de despedida. Agora não falta mais. Na noite desta quarta-feira, o Vasco abriu as portas de São Januário para receber seu filho ilustre pela última vez. E deu a seus torcedores a honra de ver novamente o Animal vestindo a camisa 10. Diante do Barcelona de Guayaquil, do Equador, na reedição da final da Libertadores de 1998, Edmundo deu show na goleada por 9 a 1. Aos 40 anos, voltou no tempo para participar da decisão em que não esteve presente. Como não poderia deixar de ser, ele foi o grande astro da festa com dois belos gols e belas jogadas no palco em que pode chamar de seu.

Revelado pelo Vasco e aposentado desde o fim de 2008, Edmundo teve cinco passagens por São Januário (1992/1996-1997/1999-2000/2003-2004 e 2008). Ao todo, disputou 241 partidas e marcou 137 gols, já contando com a partida desta quarta. Diante de mais de 21 mil pessoas, público maior do que qualquer das partidas do Vasco em casa na atual Libertadores, ele chorou, se emocionou, correu, lutou, marcou e balançou a rede duas vezes. Isso tudo com 40 anos e sem jogar profissionalmente deste há mais de três.

A entrega foi tamanha que os torcedores pediram até o seu retorno com gritos de “Volta, Edmundo!” e “Fica, Edmundo!”. E os mesmos foram à loucura quando o craque marcou o terceiro gol, o seu segundo no jogo, e comemorou da mesma maneira que na fase semifinal do Campeonato Brasileiro de 1997, quando o Vasco eliminou o Flamengo. Dois gols, bela festa, casa lotada, goleada… Muito mais do que o Animal poderia esperar.

“Não só pelos gols, que serão poucos perto do que já fiz, mas muito por esse carinho e energia que estou recebendo. Não tem preço. Precisava disso na minha vida. Acho que estou fechando minha carreira com chance de ouro. Modestia à parte, não esqueci como se joga. O problema é a idade. A cabeça sabe o que fazer, mas o corpo nem sempre acompanha. Às vezes não consegui dar sequência aos lances. Também é difícil acompanhar o Éder Luis. A gente sai junto e ele chega 50 metros na minha frente (risos)”, disse Edmundo no intervalo momentos antes de jogar sua camisa em direção à torcida.

O ponto final veio aos 40 minutos do segundo tempo. Com o hino vascaíno em alto e bom som nos autofalantes de São Januário, Edmundo passou a braçadeira para Felipe, recebeu a bola do jogo e foi substituído por Wiliam Barbio. Chorando e saudando a torcida na social, o craque balbuciou algumas palavras de agradecimento: “Obrigado do fundo do meu coração”. E partiu para a última volta olímpica de sua carreira.

O Vasco volta a campo no próximo sábado para enfrentar o Macaé, às 16h (de Brasília), no Estádio Cláudio Moacyr, em Macaé, pela Taça Rio. A equipe do técnico Cristóvão Borges atualmente ocupa a vice-liderança do Grupo B, com oito pontos, atrás apenas do Bangu.

Festa, emoção, dois gols e genialidade

A emoção entrou em campo bem antes de a bola rolar. Com os refletores do estádio apagados, Edmundo entrou em campo sozinho para ser saudado pelos milhares de torcedores que lotaram São Januário para ver o ídolo com a camisa do Vasco pela última vez. Número 10 às costas, o ex-atacante não conseguiu segurar a emoção e precisou enxugar as lágrimas. O próximo passo foi receber a braçadeira de capitão do apoiador Juninho Pernambucano. Depois de uma bela queima de fogos, Edmundo ainda recebeu uma placa do presidente Roberto Dinamite e fez o seu papel de ídolo ao cantar todo o hino vascaíno, que era tocado no autofalante do estádio, em coro com os torcedores.

Utilizando o seu time titular, o Vasco não demorou a se impor sobre a equipe B do Barcelona. Astro da noite, Edmundo nem parecia estar longe dos gramados desde o fim de 2008, quando se aposentou no próprio Vasco. Mostrando disposição e boa movimentação após cinco dias de treinos com o elenco, o ex-jogador sofreu a primeira falta do jogo logo aos 24 segundos. Aos dez minutos, a primeira chance clara: após boa jogada pela direita, Éder Luis se livrou da marcação e rolou para trás. Livre, o camisa 10 chutou por cima do travessão.

O gol de Edmundo parecia questão de tempo. Mas ele saiu aos 12 graças à ajuda do árbitro Marcelo de Lima Henrique. Após arrancada pela esquerda, Thiago Feltri foi derrubado claramente fora da área. O juiz assinalou pênalti para o delírio da torcida. Ídolo na cobrança. Bola de um lado, goleiro de outro, e muita festa dos jogadores.

Em forma, o ídolo participava de todas as jogadas ofensivas do Vasco. O jogo praticamente de ataque contra defesa favorecia ainda mais o espetáculo. O segundo gol veio aos 23. E novamente com o toque do craque. Edmundo recebeu lançamento na área, donimou com categoria, limpou o zagueiro e tocou para Fágner. O lateral deu um belo giro de corpo e passou para Alecsandro, que ainda limpou outro defensor antes de ampliar. Na comemoração, uma homenagem ao ex-jogador com o polegar e o dedo mindinho esticado no melhor estilo “Molejo”.

A principal pintura da noite, no entanto, ainda estava por vir. O craque ainda teve tempo de perder um gol feito na pequena área aos 29 antes de brindar a torcida novamente. Cinco minutos depois, ele descolou belo lançamento para Fágner. O lateral se esforçou, impediu a saída da bola e cruzou de trivela para Edmundo pegar de primeira: 3 a 0.

Os últimos minutos da etapa final ainda reservaram um gol do Barcelona, marcado por Asencio, que participou da final da Libertadores de 1998, em rara falha de Dedé, e o quarto do Vasco, anotado por Juninho Pernambucano, sendo o primeiro sem a participação de Edmundo.

Apagão e gols em profusão

Veio o segundo tempo e o show tinha de continuar. Com um minuto de jogo e após várias substituições na equipe titular, saiu o quinto gol do Vasco. Éder Luis recebeu cruzamento de esquerda e tocou de calcanhar. A bola desviou na zaga e matou o goleiro equatoriano. Momentos depois, apagão em São Januário. Em um primeiro momento, parecia ser mais um efeito especial do espetáculo. Mas na verdade foi uma queda de energia que paralizou a festa em pouco menos de 20 minutos.

Luz reestabelecida, mais gols no placar. Fellipe Bastos fez o sexto em cobrança de falta após falha do goleiro Vera. O sétimo foi de Allan após boa tabela com o próprio Bastos dentro da área. Aos 30, Diego Souza chutou cruzado para marcar 8 a 1. A cada bola na rede, novas homenagens a Edmundo.

O adeus se deu aos 40. Com o público de pé, a placa de substituição anunciou a saída do ídolo para a entrada de Wiliam Barbio. Visivelmente emocionado, Edmundo passou a braçadeira de capitão para Felipe, recebeu a bola do jogo e deixou o gramado pela última vez ao som do hino do Vasco. Durante a volta olímpica, ele nem viu o nono e último gol, marcado novamente por Allan. Mas nada mais importava. Naquele momento, o Animal saia de campo para entrar definitivamente para a História.

Fonte: Globoesporte.com

Facebook