O Piauí tem 49 municípios com áreas produtivas impactadas pela seca, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden/MCTI.
Os municípios que estão localizados no semiárido piauiense sofreram com a falta de chuvas entre 2012 e 2018 e agora enfrentam o fenômeno El Niño somado às mudanças climáticas.
Os impactos são graves em 12 municípios. Neles, mais de 80% da produção foi impactada. O Cenaden calcula ainda que outros 14 municípios tiveram a agricultura afetada entre 60% e 80%. Já em 23 municípios os prejuízos atingiram entre 40% e 60%.
O Piauí alcançou neste mês de dezembro a marca de 90 municípios sob decreto de situação de emergência devido a seca.
O pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), o climatologista Carlos Nobre, alerta para a tendência de desertificação nessas áreas.
“Desertificação é um fenômeno físico-geológico em que se tem um solo muito degradado e chuva muito intensa que causa megaerosão: perde-se mais de um metro de solo, atingindo um solo profundo com enorme quantidade de alumínio. Esse solo não permite o crescimento de vegetação", explicou Nobre.
Já o Coordenador da Articulação do Semiárido Brasileiro, Paulo Pedro de Carvalho, reforça a importância de modelos agrícolas que valorizem as características da Caatinga, considerada a savana estépica mais biodiversa do mundo.
“O bioma Caatinga já é um grande estocador de alimentos. É preciso a gente seguir o exemplo do bioma, estocando água e alimentos: recaatingar as regiões que estão em processo de desertificação. Para nós, a base é a convivência com o semiárido, é a agroecologia e recuperar os solos”, disse Carvalho.