Por Marina Sérvio
Camila Abreu, de 21 anos, Kamila Carvalho, de 22 anos, Aretha Dantas, de 32 anos. Essas são apenas algumas das vítimas de casos de feminicídio que aconteceram em Teresina e chocaram a população.
Apenas nos três primeiros meses do ano, em Teresina, foram registradas três tentativas de feminicídio e um caso consumado contra uma mulher trans. Em 2023, foram registrados 28 casos no Piauí, destes, 3 aconteceram na capital. No ano anterior, o estado registrou 24 casos, sendo 5 em Teresina.
Feminicídio é uma qualificadora, ou seja, quando o crime traz elementos específicos que fazem com que a prática criminosa se enquadre em um tipo penal mais grave.
“Essa é a forma qualificada do homicídio, prevista no artigo 121 do Código Penal. A qualificadora acontece quando a morte da mulher ocorre em dois contextos. Ou ela foi morta pelo fato de ser mulher, ou seja, menospreza ou discriminação pela condição de ser mulher, seja aquela mulher vista como um objeto e como tal, a vida dela não interessa para o agressor, ou então ela morreu no contexto de violência doméstica, familiar ou relação íntima de afeto” descreve a delegada Nathalia Figueiredo, do núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em diversos casos, a violência doméstica começa com agressões verbais, ameaças, agressão física e infelizmente pode acabar com a morte da vítima. O caso de uma vendedora que sofreu uma tentativa de feminicídio pelo ex na zona Sul de Teresina no final de 2023 teve um final diferente porque ela conseguiu sobreviver milagrosamente após diversas facadas. Ela aguardava a hora de começar no trabalho quando foi abordada.
A vítima já tinha feito Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher após ser agarrada pelos cabelos e arrastada pela casa.
“A violência doméstica ela é progressiva, então ela não começa no feminicídio. Então, por exemplo, abuso psicológico, havia um controle em demasio, um ciúme excessivo, essa vítima era menosprezada pelo companheiro, era humilhada, era agredida, e como a violência é progressiva, quando não se põe fim a esse tipo de agressão, o agressor vai continuar. Então, a característica é justamente da progressividade” descreve a delegada.
Os pequenos sinais importam
Foto: Arquivo/ Cidadeverde.com
De acordo com Nathalia Figueiredo, é preciso ficar atenta aos pequenos sinais de que aquela relação pode ter desdobramentos graves.
“O abusador dá sinais que a relação não vai ser sadia, vai ser uma relação abusiva. Controle excessivo, ciúme excessivo, monitoramento das redes sociais, forma grosseira de falar, a questão das agressões, empurrões. E as vítimas ficam dizendo que é o jeito da pessoa, que foi sem querer. Tudo isso são sinais que o abusador dá para a vítima de que aquele relacionamento não vai ser saudável. Então, ao menor sinal de abuso, finalize a relação” aconselha a delegada.
Se você for vítima de algum tipo de agressão, são muitos os canais de denúncia, como 190, o Ei Mermã, Não se cale! , um canal no WhatsApp através do número 0800 000 1673 , o aplicativo Salve Maria, a Patrulha Maria da Penha através do número 86 9 9528-3835. Em caso de vítima que já tem medida protetiva, as denúncias podem ser feitas no número 86 9 9414-8857.
Fonte: Cidadeverde