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Kleber supera mágoas, promete cordialidade a Felipão e quer encerrar carreira no Grêmio

11/06/2012 |
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Kleber diz que mágoas do passado não atrapalham sentimento que tem pelo Palmeiras

Grêmio e Palmeiras se enfrentam nesta quarta-feira em jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. O atacante Kleber é um dos principais personagens do encontro. Voltando de lesão, o Gladiador saiu de forma conturbada do alviverde paulista no fim do ano passado, guardou mágoas da direção e do técnico Luiz Felipe Scolari.

Mas tal qual enfrenta zagueiros e volantes adversários, o camisa 30 não se 'escondeu' nos dias que antecedem o duelo. No sábado, concedeu entrevista exclusiva para a imprensa tratou com tranquilidade do tema.

Kleber, ao que parece, superou completamente os problemas com Felipão ou dirigentes do clube. Segundo ele, o carinho que tem pelo Palmeiras é maior que tal situação. O atleta promete cordialidade e reconhece a importância de seu ex-técnico.

"Não tem problema algum. Posso cumprimentar sim. Se tiver que cumprimentar, vou cumprimentar. O que eu vivi ali passou. A gente vive problemas em alguns clubes, e muitos jogadores já passaram por isso. Eu não tenho problema nenhum. Sei a importância que ele teve e tem no futebol", disse.

No Grêmio, ele busca findar a fama de polêmico. Até agora não foi expulso uma vez sequer ou se envolveu em confusões no ambiente de trabalho. Reconhecido pela torcida, ele pensa em encerrar sua carreira vestindo azul, branco e preto, mas ainda não define data para isso.

Imprensa: O que você acredita que vai sentir quando entrar em campo para enfrentar o Palmeiras depois da saída conturbada do clube?
Kleber: É normal. Já vivi em outros clubes, quando joguei no Cruzeiro, contra o Palmeiras. É especial por ser uma semifinal da Copa do Brasil, e isso que torna importante. Isso é o que me importa. Mas não em relação a saída de lá.

UOL Esporte: Qual reação você espera da torcida do Palmeiras?
Kleber: Não sei como será, não penso nisso. Já tomei vaia, já fui aplaudido, isso faz parte da nossa profissão. Se tiver que tomar vaia, vou tomar. Eu tenho é que pensar no Grêmio, pensar que minha torcida estará me apoiando. Aqui terá milhões de pessoas torcendo por mim e pelo Grêmio. Hoje é isso que me importa. Passar para a final e ganhar este título que o Grêmio não conquista há tantos anos.

Imprensa: O sentimento pelo clube ficou abalado com a saída?
Kleber: De maneira nenhuma. Tenho um carinho especial sim. É um clube que eu gosto muito. Me abriu as portas para voltar da Ucrânia, vivi bons momentos lá. Em 2008, com o Vanderlei, inclusive, eu fui muito feliz. Então, eu tento esquecer os momentos difíceis, ruins que eu passei lá, e pensar só nos bons, que foram muito maiores.

Imprensa: Os problemas, então, foram focados em pessoas. No técnico Luiz Felipe Scolari, na direção...
Kleber: Quando a gente gosta de um clube, até para sair a pessoa tem que saber o momento certo. Era o momento para mim. Mesmo tendo um carinho muito especial pelo clube, que não vai mudar. Meus problemas foram com pessoas, que estão até hoje, que acho que trazem problemas para o clube. Eu não era a favor, não sou a favor, e nem quero falar sobre. Se isso acontecer em qualquer clube que eu estiver, serei contra da mesma forma. Tenho muito carinho pelo torcedor, pelo clube, mas não poderia ver tudo aquilo acontecer, participar e ficar tranquilo. Era o momento de sair, saí e sou feliz. Torço para muitas pessoas que estão lá. Mas hoje defendo o Grêmio e penso só em estar aqui.

Imprensa: Um dos teus principais desafetos no Palmeiras foi o técnico Felipão. Está superado? Você pretende o cumprimentar antes do jogo?
Kleber: Não tem problema algum. Posso cumprimentar sim. Se tiver que cumprimentar, vou cumprimentar. O que eu vivi ali passou. A gente vive problemas em alguns clubes, e muitos jogadores já passaram por isso. Eu não tenho problema nenhum. Sei a importância que ele teve e tem no futebol. Até aqui no Grêmio. Que ele seja bem-vindo aqui, a torcida sempre recebe ele muito bem pelos títulos que conquistou, e temos que respeitar isso. O que aconteceu é passado. Não tenho problema algum, ficou para trás. Respeito ele. Quero que o jogo seja bom e o Grêmio possa passar. Faz uns anos que o Grêmio não conquista um título como a Copa do Brasil [desde 2001] e precisamos estar na Libertadores no ano que vem. Este é o projeto.

Aprendendo com os erros...

Rubens Cavallari/Folhapress
Eu aprendi muito com o que aconteceu no Palmeiras. Quando você gosta muito de um clube, você quer se envolver em tudo, e sempre há coisas que te chateiam. Você quer ver o clube sempre bem. Eu via coisas que não concordava. E às vezes por não concordar acabava expondo algumas ideias e pensamentos. Isso foi criando muitos inimigos para mim. Aconteceu, mas é passado

Imprensa: Grêmio e Palmeiras tiveram uma grande rivalidade na década de 90. Você acha que este encontro, até pela sua situação de enfrentar o antigo clube, pode reviver isso?
Kleber: A rivalidade sempre vai existir com clubes brasileiros em uma semifinal. Grêmio com Crueiro, São Paulo, Corinthians, sempre tiveram jogos importantes. E com o Palmeiras não foi diferente. Houve jogos importantes, de muita polêmica e até briga às vezes. Mas este não é o pensamento. Queremos só fazer um bom jogo. A rivalidade é em campo. Cada um defende o seu. Mas fora isso, a gente respeita. Eu tenho é que respeitar todo mundo. Eu respeito o Palmeiras, quem trabalha lá, pessoas que tem história no clube. Independente do momento que vivem, tem histórias bacanas. Eu respeito tudo isso.

Imprensa: Você esteve muito tempo lesionado [Kleber rompeu a fíbula da perna direita em 25 de março, passou por cirurgia e ficou quase três meses parado] e agora terá logo pela frente uma decisão. Em quais condições chega?
Kleber: Já melhorei muito. Acho que em dois jogos, e a gente só pega ritmo jogando, posso ter evoluído ainda mais. Espero que no jogo com Palmeiras já esteja 100% e bem. Se não estiver, vou torcer pelos companheiros que vão jogar.

Imprensa: O momento que você vive no Grêmio, de identificação com a torcida, é um dos melhores?
Kleber: Já vivi isso nos clubes que passei depois que voltei da Ucrânia. Foi assim no Palmeiras, no Cruzeiro. Ainda bem que está sendo da mesma forma no Grêmio. Estou muito feliz, não esperava que fosse tão rápido. Sempre torcemos para o melhor, mas não esperava tão rápido. Estou muito contente com tudo que acontece, a torcida, o que eu vivo e como as pessoas me tratam em Porto Alegre.

Imprensa: No momento de sua contratação, havia muita desconfiança pelos problemas fora de campo recentes. Isso não existe mais. Vir para Porto Alegre foi uma maneira de sair do foco?
Kleber: Não fugi do foco. Grêmio e Inter são times grandes como Cruzeiro e Atlético-MG, que são fora do eixo Rio-São Paulo, mas completamente no foco. Se pegar os últimos anos, principalmente o Inter, ganhou coisas importantes. O Grêmio na década de 90 ganhou tudo, e queremos reviver isso. O grupo formado foi pensando nisso. Quando se pega um elenco neste objetivo, as coisas tendem a ir bem. Eu aprendi muito com o que aconteceu no Palmeiras. Quando você gosta muito de um clube, você quer se envolver em tudo, e sempre há coisas que te chateiam. Você quer ver o clube sempre bem. Eu via coisas que não concordava. E às vezes por não concordar acabava expondo algumas ideias e pensamentos. Isso foi criando muitos inimigos para mim. Aconteceu, mas é passado. A gente aprende a mudar. Estou adorando o Grêmio, me identificando cada vez mais com o clube. Não penso em sair mais daqui, jogar em outro lugar. Quero encerrar minha carreira no Grêmio. E quando você vem com este pensamento, a tendência é as coisas correrem bem, como naturalmente tem acontecido.

 

Fonte: UOL

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