Jeremias Wernek
Do UOL, em Porto Alegre
Em janeiro de 2002, Diego Forlán chegou ao Manchester United para desbravar a Europa. Cento e vinte e seis meses depois, ele se prepara para estrear pelo Internacional. No último passo do ciclo de seu retorno à América do Sul. Contra o Vasco, o uruguaio inicia a jornada para reviver a magia apresentada na Copa do Mundo da África. E facilitar a briga do Colorado pelo tetracampeonato nacional.
“Espero que no Inter possa jogar o que joguei na Copa”, disse Forlán logo que pisou em Porto Alegre. “Eu quero ser o jogador que sei que posso ser”, completou no mesmo dia em que revelou conhecer o Inter desde pequeno – por influência do pai, Pablo Forlán, e sua carreira no Brasil.
Em terras africanas, há dois anos, Diego Forlán capitaneou o Uruguai até as semifinais. Encheu os olhos do mundo com chutes potentes, liderança que transbordava além do campo e gana. Resgantando uma seleção bicampeã mundial. O auge de uma carreira erguida com êxitos na Espanha, com as camisas do Villareal e Atlético de Madrid.
No Beira-Rio, a imagem de 2010 ofuscou a passagem sem sucesso por Milão. São as lembranças da África do Sul que embalaram as negociações de mais de 40 dias entre o Colorado e o estafe do atacante. E são as mesmas que enchem de euforia os colorados às vésperas de ver o uruguaio finalmente correndo com a bola nos pés.
“O Diego é um cara com capacidade e qualidade técnica imensa. Arremate fantástico”, elogiou Fernandão, que enquanto diretor-técnico foi até Montevidéu negociar com o atacante. “Ele fez uma boa semana de treinos, está se sentindo bem e fizemos de tudo para ele chegar 100% neste jogo”, completou o agora treinador.
Até alcançar o estágio atual, permitindo a estreia, Forlán teve uma carga de trabalho que foi do quase zero até o limite. Logo que chegou em Porto Alegre, o gringo praticamente fugiu de todo o impacto possível. Depois iniciou corridas. Aumentou o ritmo, se esmerou na academia e, enfim, foi para o campo.
Sem jogar uma partida oficial há mais de 40 dias, atuou pela seleção contra o Peru – nas Eliminatórias, ele terá fôlego para aguentar todo o primeiro tempo contra o Vasco e mais a nesga inicial da etapa complementar. E mesmo assim, a ansiedade é enorme. Gigante.
“Ele vai ter função tática como qualquer outro jogador. Daqui a pouco ele aguenta 45, 50 ou 70 minutos. E quando estiver em campo, vai se doar 100%”, disse Fernandão. “Conseguimos colocar uma carga legal nele nesta semana. Para fazer ele chegar bem fisicamente. Dentro das condições dele, está pronto”, acrescentou.
Com Forlán, o Internacional almeja o fim de um jejum de 33 anos. Na visão da diretoria, o camisa 7 dará mais estofo a um time que já tem líderes de sobra. Como D’Alessandro, Guiñazu, Kleber e Bolívar. Mas ainda carecia de um outro atacante decisivo.
Dez anos depois, curiosamente, Forlán volta ao continente natal para vestir vermelho. Mesma cor do Independiente de Avellaneda, que o revelou para o mundo no final dos anos 90.
“Eu volto com muito mais experiência. Com a mesma vontade de jogar, talvez até mais. Quanto maior você é, mais vontade tem. Conhece o futebol e sabe o que fazer e o que não fazer”, disse Forlán.
Para os colorados, a garantia de vontade do gringo soa como música. Que poderá tomar forma de vez com uma boa estreia às 18h30min deste sábado, diante do Vasco.