Trabalhar à noite, ter horários de trabalho irregulares ou fazer plantões de madrugada — ou seja, trabalhar em turnos, geralmente em serviços que funcionam 24 horas por dia — pode levar a problemas cardiovasculares graves, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC), indicou um novo estudo publicado nesta sexta-feira no site da revista British Medical Journal (BMJ).
A pesquisa, realizada por uma equipe de especialistas canadenses, noruegueses e suecos, é a maior já feita sobre o assunto e, ao todo, envolveu mais de dois milhões de pessoas.
Segundo os autores de trabalho de pesquisa, há algum tempo jornadas de trabalho noturnas ou com horários que variam frequentemente são conhecidas por perturbar o ritmo circadiano — ciclo do corpo de um indivíduo ao longo das 24 horas de um dia —, provocando problemas como colesterol alto, diabetes e pressão alta. No entanto, pesquisas que olharam para doenças cardiovasculares graves tiveram resultados controversos.
O estudo se baseou em dados de outras 34 pesquisas sobre trabalho e eventos cardiovasculares. Segundo os resultados, as pessoas que trabalhavam em turnos apresentaram 24% mais riscos de terem uma doença coronariana; 23% mais chances de sofrerem um ataque cardíaco; e 5% mais chances de terem um AVC do que as outras. Especificamente, a jornada de trabalho noturna foi associada a um risco 40% mais elevado de doença coronariana.
Para os pesquisadores, essas descobertas devem incentivar a criação de programas de triagem que identifiquem fatores de risco para doenças do coração entre pessoas com maiores riscos — como, por exemplo, indivíduos que já apresentam pressão ou colesterol altos. Além disso, os autores sugerem que hábitos capazes de prevenir esses problemas de saúde devem ser ensinados a trabalhadores noturnos.
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