A greve das universidades federais, que começou no dia 17 de maio com algumas adesões, ganhou força com o decorrer do tempo. Na última sexta-feira, 57 das 59 instituições de ensino superior federais tinham parte ou a totalidade de seus docentes parados.
Apenas a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) não aderiram ao movimento.
A paralisação atinge também os institutos federais de ensino técnico. Professores e funcionários de 34 dos 38 institutos espalhados pelo País aderiram ao movimento grevista.
Na lista de reivindicações da categoria estão o reajuste salarial, plano de carreira e melhores condições de trabalho.
Negociação. Ao longo da greve, o governo fez duas propostas. A primeira, apresentada no dia 13 de julho, após 57 dias de greve, foi negada por todos.
A mais recente - com a oferta de um aumento entre 25% e 40% até 2015 e um plano de carreira com 13 níveis, em vez dos 17 inicialmente sugeridos - mostrou um racha entre os sindicatos.
Foram contrários à proposta o Andes - o maior sindicato da categoria, presente em 51 das 59 universidades federais - e o Sinasefe, que representa professores e funcionários dos institutos federais. A negativa foi embasada, segundo o movimento grevista, em assembleias gerais realizadas em todo o País.
O único órgão a aceitar a proposta apresentada pelos ministérios da Educação e do Planejamento foi a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), que representa sete universidades e um instituto.
Na reunião com o governo, a Proifes apresentou o resultado de um plebiscito em que, de acordo com a federação, votaram 5.222 docentes de 43 instituições: 74% teriam pedido o fim das paralisações.
Desfecho. Na noite de sexta-feira, o Ministério da Educação informou que havia concluído as negociações com a Proifes e enviaria o projeto de lei com as mudanças na carreira para o Congresso Nacional.
O Andes e o Sinasefe refutaram a decisão e conclamaram ainda os professores a intensificar o movimento para pressionar pela retomada do processo de negociação.
Em todo o Brasil, de acordo com o MEC, mais de 500 mil alunos foram afetados pela greve e, se a paralisação continuar, há a possibilidade de os alunos perderem o ano letivo.
Instituições como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio) já suspenderam os seus calendários acadêmicos. A medida garante a reposição das aulas, mas prejudica quem está no semestre final. Os que pretendiam emendar a graduação com um curso de pós podem não conseguir.
A presidente do Andes, professora Marinalva Oliveira, afirma que, caso o semestre seja perdido, a culpa é do governo. "É resultado da falta de disposição de negociar", diz.
Ela afirma que, apesar de estarem sem aula, os estudantes apoiam o movimento. "Eles vivem o dia a dia e sabem que há falta até de salas de aula. Um aluno do curso de Medicina que não estuda anatomia porque não há laboratório está sempre sem aula, com ou sem greve". / O.B.
Fonte: Estadão