Matéria / Educacao

Levantamento mostra o perfil do universitário brasileiro

03/10/2012 |
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O Brasil tem hoje mais estudantes de classes menos favorecidas nas universidades, e a maioria trabalha para pagar cursos superiores particulares.

Sete em cada dez universitários brasileiros trabalham e por uma simples razão: 80% estudam em faculdades particulares e é com o salário do emprego que eles conseguem pagar o curso.

Aos 28 anos, o supervisor de operações, Thiago Almeida, já é supervisor numa operadora de TV a cabo. “Não é fácil, não, mas o importante é isso: a gente não só sentar ali e falar. Tem que fazer acontecer”.

Um terço do salário vai para o curso de engenharia, cheio de confiança no amanhã. “Quem vai determinar o meu futuro sou eu, não é a minha faculdade. Ela vai me nortear, vai me dar referências para que eu possa alcançar o meu objetivo”, fala Thiago.

Assim como Thiago, há mais de seis milhões de universitários no país. Dois levantamentos mostram que, na média, os brasileiros estão começando a faculdade mais velhos, a maioria tem mais de 23 anos. Um em cada cinco já é chefe de família e a grande maioria vem da nova classe média, em ascensão financeira. O Brasil hoje já tem mais estudantes da classe D do que da A.

“São brasileiros que ao melhorar de vida, ao aumentar a sua renda, passaram a investir no estudo, para garantir que essa melhora não seja algo esporádico, não seja uma bolha”, diz o sócio-diretor Data Popular, Renato Meirelles.

Até pouco tempo atrás, o diploma era visto como a chave da porta das grandes empresas. Se construiria uma carreira, com carteira assinada, benefícios e estabilidade financeira. A nova geração de estudantes tem planos mais ousados. A maioria está disposta a correr riscos para abrir o próprio negócio.

“O que a gente está vendo agora é uma tendência de empreender por opção. Porque eu quero ter o meu estilo de vida, porque eu tenho a minha crença no meu trabalho, e porque eu quero fazer as minhas atividades. É uma geração extremamente confiante, extremamente segura do que ela está fazendo”, explica o diretor do Namosca, Marcos Calliari.

Extremamente determinada. Aos 26 anos, a subgerente de RH, Ana Wladia Oliveira, aluna de gestão de recursos humanos, já é subgerente de uma rede de cinemas, mas não quer esquentar o lugar na poltrona. “Eu tenho a intenção de daqui a uns três anos abrir uma consultoria de RH pra mim”.

Abrir o próprio negócio, mas não parar de estudar nunca. A estudante de RH, Atiliana Morais, bolsista do ProUni, é a primeira universitária da família, que vive no Piauí, e também quer ser a pioneira com diploma de pós-graduação. “Hoje a questão é uma aprendizagem contínua que você tem que estar buscando sempre.”

Para os especialistas, essa valorização do estudo provoca um círculo virtuoso. “Pais escolarizados têm filhos mais escolarizados. Então, logo mais nós vamos ter uma segunda geração de pessoas formadas na universidade que vão ser cada vez mais exigentes com a qualidade de ensino que eles recebem da universidade”, fala Renato.

Fonte: Jornal da Globo

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