Homens que praticam ciclismo precisam ficar atentos com a saúde sexual. Isto porque o impacto contra o selim pode levar a traumas na região genital que comprometem a saúde e a fertilidade, pois “pode prejudicar a qualidade dos espermatozoides”, contou o ginecologista e especialista em reprodução humana José Bento de Souza, da clínica paulistana que leva seu nome.
O urologista Guilherme Leme de Souza, da clínica Engravida, de São Paulo (SP), comentou que dentre os problemas mais frequentes enfrentados por homens que praticam mais de três horas de ciclismo por semana são o encarceramento do nervo pudendo, com inflamação crônica por causa do impacto do períneo no selim, o que pode levar à perda de sensibilidade da região escrotal, além de problemas relacionados ao fluxo de sangue do pênis, o que prejudica as ereções.
Treino pesado
Andar de bicicleta em alta velocidade e em terrenos acidentados pode aumentar a incidência de problemas na região sexual. Da mesma forma, em ambientes fechados, o selim convencional afeta mais a área perineal do que as bicicletas ergométricas horizontais, que oferecem um banco no lugar do selim.
A prática de ciclismo, bicicross e spnning podem alterar ainda o resultado do exame de próstrata, porque “o choque com o selim aumenta os níveis de PSA – substância que se eleva em casos de câncer de próstata. Por isso, não é recomendado que o homem pratique esta atividade física na véspera do exame”, disse José Bento. Guilherme complementou, afirmando que o exame de toque não sofre alterações significativas, todavia, pesquisadores já constataram uma discreta elevação dos níveis de PSA no exame de sangue de homens que o realizaram até 48 horas depois da atividade física. “O intervalo de dois dias entre a última sessão de pedal e o exame traz mais segurança a todos.”
Atenção especial
Embora não sejam diretamente causadas pela prática de ciclismo, algumas enfermidades podem ser destacadas pela prática da pedalada e que dependem da avaliação urgente do médico, como torções testiculares, neoplasia do testículo (tumor na região escrotal) e trauma testicular.
“Em relação à fertilidade, há estudos sérios na literatura médica internacional que demonstram piora na qualidade do sêmen destes atletas. A principal explicação recai sobre a dificuldade da manutenção da temperatura adequada dos testículos. A boa produção de espermatozoides exige um “ajuste fino” da temperatura dos testículos, que deve estar 2°C abaixo da temperatura corporal. Durante o ciclismo acontece a elevação da temperatura destes órgãos pela fricção dos mesmos contra a coxa e o selim, o uso de trajes esportivos – que trazem os testículos para junto do corpo – e a exposição a altas temperaturas por longos intervalos”, descreveu o urologista.
Infecções na região escrotal, traumas e alterações congênitas costumam ser os problemas que mais afetam a fertilidade deles, sendo que as duas primeiras têm tratamento aos primeiros sintomas, como contou José Bento, que citou ainda o hipismo como uma outra prática que também oferece risco à saúde sexual masculina. “Já nas profissões, os chefs de cozinha são os mais afetados em relação à infertilidade, pela proximidade do saco escrotal com a temperatura do forno e do fogão”, destacou. Guilherme citou os desportos com impacto direto, como as artes marciais e os esportes de quadra, como sendo prejudiciais aos órgãos genitais.
“Riscos à saúde masculina são mais evidentes em atletas de alta performance. Além disso, o uso de esteroides anabolizantes, por exemplo, são um capítulo à parte na saúde sexual e na infertilidade masculina e, muitas vezes, são os causadores de problemas relacionados às mesmas. Quando usados sem qualquer acompanhamento médico, de maneira absolutamente errática, trazem, não raro, resultados devastadores à vida reprodutiva do indivíduo”, finalizou o urologista.
Fonte: Terra