Dois times brigando desesperadamente por uma vitória em um domingo de muito sol em novembro. Um, o dono da casa, queria três pontos de qualquer jeito para escapar da zona de rebaixamento. Precisava começar a reação para não ir à Série B após um ano em que foi vice-campeão da América do Sul. O artilheiro tinha 12 gols e era uma das estrelas da equipe. Do outro, um time que estava na ponta e precisava vencer para tentar se consolidar na ponta e que saiu do estádio em fúria por causa da arbitragem e com a derrota por 1 a 0.
A história acima descreve o jogo que aconteceu há três anos, no Maracanã, entre Fluminense e Palmeiras. O time paulista foi derrotado com gol de Fred, entrou em parafusos e viu o título quase ganho escorrer pelas mãos. O encontro ainda ficou marcado pelo polêmico gol de Obina anulado por Carlos Eugênio Simon.
Três anos depois, a história se repete, com os mesmos personagens, mas em situação opostas. Em Presidente Prudente, em um domingo de novembro de provavelmente muito sol, Fluminense e Palmeiras entram em campo. Dessa vez, no entanto, o Tricolor busca o título, e, o Alviverde, o milagre da luta contra o rebaixamento.
Marcão era zagueiro do Palmeiras no polêmico jogo
Love era companheiro de ataque de Obina no time
Diego Souza era responsável pela criação do time
Apesar dos 36 meses já passados, o episódio deixou marcas no Palestra Itália que não conseguem ser cicatrizadas. O então presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, disparou contra o árbitro gaúcho e até se envolveu em um imbróglio jurídico. Tanto tempo depois, ele mostra que não engoliu a história.
“Foi uma realização de todos os sentidos ruins do futebol. Foi um jogo arranjado. Foi algo de tudo o que comanda o futebol queria. E o juiz, cujo nome eu não pronuncio, ainda falou que o Obina admitiu a falta. O Palmeiras estava em primeiro e o jogo teve efeito muito negativo para a equipe. No jogo seguinte empatamos com o Sport, que já tinha caído, no Palestra, depois com Grêmio, o juiz expulsou jogadores com informações que vieram de fora, porque ele também não viu... Isso é tudo o que posso dizer desse jogo”, disse ele sem esconder a profunda mágoa.
Questionado por um colega numa transmissão na Fox Sports - hoje Simon é comentarista do canal -, o ex-árbitro afirmou que o atacante havia admitido que fez falta.
"(Obina) é um jogador muito honesto. Quando ele comete falta, como foi o caso do jogo contra o Fluminense em 2008 (na verdade, 2009), ele mesmo veio ao microfone e disse 'olhe, eu realmente fiz a determinada falta”, disse o juiz.
Quase que instantaneamente, a assessoria de imprensa do Palmeiras reagiu e publicou entrevista com Obina. O atacante, que foi repatriado recentemente, negou de forma veemente qualquer papo de confissão com Simon.
“Não (confessei para o Simon que fiz a falta), até porque as câmeras dizem tudo. Eu estava sozinho no lance, como é que eu iria cometer uma falta? O Simon tem que entender que errou e tem que assumir o erro dele. Não pode colocar a culpa nos outros e dizer que eu falei ou deixei de falar. Com certeza (é mentira dele). Pura mentira! Todo mundo viu que eu não fiz falta e que eu fiz um gol legítimo. Isso nos atrapalhou muito naquele ano”, disse o atleta no site oficial.
Curiosamente, um ano depois, o Palmeiras voltaria a encontrar o mesmo Fluminense em mais um jogo que ficou marcado na história. O time carioca já havia superado o péssimo ano de 2009 e brigava pelo topo de 2010. O principal rival era o Corinthians. Na penúltima rodada, mais uma vez em um domingo de novembro, os torcedores alviverdes compareceram à Arena Barueri para torcer contra a própria “pátria”. Tudo para prejudicar o arquirrival. O então técnico Felipão chegou a brincar e disse, durante a semana, que nem sabia quem era o adversário do fim de semana.
Fonte: Uol Esportes