Depois de 21.260 dias, no próximo domingo, o Grêmio deixará a sua famosa casa: o estádio Olímpico, onde conquistou os maiores títulos da história de 109 anos de existência. Em vias de se mudar para a moderna Arena, no bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, o tricolor vive um clima dereminiscência total.
Foi no 'velho casarão' que o clube conquistou suas duas edições da Libertadores e de onde rumou para a vitória no Mundial de 1983. Erguido em duas partes, o Olímpico tem na sua história a participação popular para se tornar Monumental. A campanha para arrecadar cimentou culminou com a conclusão do segundo andar, na década de 1980.
A primeira casa
Um ano após 32 homens se reunirem, formarem o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense e disputarem muitos jogos em campos de várzea, os representantes do clube recém formado pegaram um empréstimo do Brasilianische Bank Für Deutschland e compraram uma propriedade do bairro conhecido na época como Mato Mostardeiro, pois pertencia a uma tradicional família da cidade. No local foi construído o estádio que ficou conhecido como Fortim da Baixada.
Com a profissionalização das agremiações, o aumento da população da cidade, e consequentemente, da torcida gremista, a direção em 1950 decidiu fazer um concurso público para escolher um novo estádio. No dia 8 de janeiro de 1951, foi escolhido o projeto dos arquitetos Plínio Oliveira Almeida, Naum Turquenitch e Edison Ribeiro.
Construído pelo presidente, Saturnino Vanzelotti, o estádio foi projetado inicialmente para abrigar 38 mil pessoas, por ter sido concluído apenas a arquibancada inferior. Recebeu o nome justamente por ser um local que servia para a prática de diversos esportes Olímpicos.
A sequência de títulos
No dia 19 de setembro de 1954, o Olímpico tomou vida. Foi inaugurado com uma vitória do Grêmio diante do Nacional-URU, 2 a 0. Desde então, o clube que havia vencido 27 vezes a competição municipal e sete vezes o estadual, passou a viver uma fase de conquistas. Até os anos 80, viria somar mais sete municipais e 14 Gauchões.
Na segunda metade dos anos 70, uma grande campanha para arrecadar recursos e materiais para a obra, principalmente cimento, possibilitou ao clube concluir o andar superior. No dia 21 de junho de 1980, com a obra concluída, foi inaugurado o segundo andar e o estádio passou a se chamar Olímpico Monumental. Com a finalização das obras, o Grêmio passou viver uma época de títulos e uma grande divulgação da 'marca' nacional e internacionalmente. Entre 81 e 2005, o clube conquistou oito títulos em âmbito nacional, duas Libertadores e um Mundial.
Em 2007, após um gerador queimar e atrasar a partida do Grêmio contra o Cúcuta-COL, pela Libertadores, em uma hora, a direção do clube resolveu acelerar o projeto de construção de uma Arena multiuso. Cinco anos depois, o Grêmio está próximo de se transferir do estádio onde conquistou as maiores glórias para uma arena totalmente nova em parceria com a construtora OAS.
Forjado pela força da união gremista, o Olímpico deixará de existir para o futebol. Não será ainda implodido. A data do fim físico do 'Velho Casarão' ainda não está definida. Repassado a OAS - empresa que construiu a Arena - ele dará lugar a um empreendimento imobiliário. Mas no coração dos aficionados, certamente, jamais outro campo ocupará o espaço do Monumental.
O adeus, que ocorreu aos poucos ao longo do ano com abraço, homenagens e muitos jogos, será derradeiro no dia 2 de dezembro. E não poderia existir despedida melhor que um clássico contra o Internacional.
O maior jogo do Rio Grande do Sul deixará gremistas e até colorados com os olhos marejados, na despedida de uma casa, um estádio, um amigo. O jogo inicia às 17h, vale pela 38ª rodada do Brasileirão, mas algo bem maior do que três pontos, que é a certeza do último quadro de glória junto aos tantos que já ocorreram.
Fonte: UOL