Há uma estratégia calçada na confiança na popularidade da presidente Dilma Rousseff em curso no Palácio do Planalto. É de resistência ao apetite por cargos e verbas despertado na base aliada com a queda de sete pontos porcentuais da aprovação dela, segundo o instituto Datafolha. Os radares do governo detectaram sem dificuldades sinais de reinício de um processo de chantagem política sobre a presidente, mas por decisão pessoal de Dilma, apoiada por seus principais auxiliares, entre eles o ministro da Educação, Aluizio Mercadante, não haverá uma abertura de leilões. Ela e o governo estão prontos para dizer não aos excessos.
A presidente está convencida de que suas dificuldades com os parlamentares governistas no Congresso se dão muito mais pelo comportamento irrequieto dos políticos do que por defeitos em sua articulação. Dilma nunca escondeu de ninguém que é avara na distribuição de cargos e benesses. Resistiu ao assédio durante todo o primeiro ano de seu governo, quando empunhou a vassoura da faxina ética, e cedeu parcialmente em seguida, abrindo espaços para indicações políticas do PMDB, especialmente as que chegavam pelo gabinete do vice-presidente Michel Temer.
A cessão de espaço para o partido, porém, não contribuiu para a tranquilidade entre os parlamentares. Foi quase por heroísmo que se aprovou, na mais longa votação da história congressual, a MP dos Portos, cujos vetos serão objeto de nova batalha. O líder do PMDB Eduardo Cunha já arregimenta suas fileiras para recuperar o texto original, em conflito outra vez com Dilma. A MP da Energia, outra medida de interesse total do governo, nem entrou na pauta ainda.
A presidente está resoluta. Ela vê o PMDB querendo reajustar frequentemente o preço de seu apoio político, mas irá se ancorar em sua popularidade para, se preciso, enfrentar o partido cobrando dele a fidelidade já contratada, sem maiores adendos no orçamento político.
Para quem sublinhou no Datafolha apenas a queda de sete pontos na popularidade de Dilma, entraram nas contas do Planalto as comparações feitas pelo jornalista Fernando Rodrigues entre o momento atual de Dilma e as respectivas fases dos então presidentes Fernando Henrique e Lula. Em junho de 2005, Lula tinha 22 pontos percentuais a menos de ótimo e bom que Dilma neste junho de 2013. Fernando Henrique, também em mês seis, mas de 1997, detinha 18 pontos percentuais a menos do que a presidente agora. Ambos se reelegeram.
Por que Dilma, com larga vantagem na comparação com os dois últimos presidentes – e com reeleição garantida, segundo o mesmo Datafolha, em primeiro turno – entraria em pânico a ponto de deixar-se chantagear pelo PMDB? Não há motivo para tanto, entende-se no eixo Planalto-Alvorada. Se novas medidas governistas merecerem a barração do partido, o próprio partido será convidado a arcar com as consequências. Em sua convicção de não ceder, a presidente não vai se furtar, até mesmo, a dar um passo atrás em relação ao diálogo com o Congresso, se os termos forem os da força numérica e da pressão política.
Fonte: Com informações do Brasil247.com