Após mais de 2 meses direto pelo interior, o 180graus conseguiu sentir de perto os principais problemas das cidades mais distantes da capital Teresina. Em conversa com prefeitos dessas cidades, o assunto principal foi a seca e a espera por ajuda vinda do governo federal. Segundo o Diário Oficial da União, o Piauí está com 207 municípios em situação de emergência, o que representa cerca de 93% das 224 cidades piauienses que sofrem com a estiagem.
Na divisa com o estado do Pernambuco, por exemplo, onde há cidades que distanciam de 400 a 500 Km de Teresina, é difícil se encontrar carro pipa, como acontece em Marcolândia.
Uma vez que um carro-pipa sai caro, custando cerca de R$ 8 mil, de acordo com o prefeito Leonidas Lopes de Lima (PP de Curral novo do Piauí), cria-se um impasse, pois não há verba municipal para sustentar um carro-pipa, ao mesmo tempo que é necessário a utilização de um. Na própria cidade do prefeito Leonidas, a barragem de onde pode se tirar água para a população (Barragem dos Patos) fica a 108 km da serra do Inácio (zona rural de Curral novo do Piauí), região que padece de abastecimento.
É a partir de situações como essa de Curral novo do Piauí, que políticos esperam por ajuda federal para resolver a questão. Ainda mais num momento em que a distribuição de água em carros-pipa diminuiu em 30%, como confirma o chefe da Defesa civil do Piauí, Jerry Hebert. O motivo: a verba ficou menor.
Cidades como Acauã, onde o exército tem que intermediar a distribuição de água, como afirma o prefeito Reginaldo Raimundo Rodrigues (PSD), e Betânia do Piauí, onde até a qualidade da água está prejudicada, com afirma o prefeito Zé Filho (PDT), sofrem com a seca. “A situação é mais séria do que se pensa, do que se viu na Globo”, comenta o secretário de finanças de Jacobina do Piauí, relembrando o programa “Profissão repórter”, da Rede Globo.
No extremo Sul do Piauí, a situação não é diferente, como comenta o prefeito Dióstenes ao 180graus. "Peço que vocês deem destaque a essa questão da seca aqui em Avelino Lopes, pois não chove há muito tempo e isso tem dificultado muito o trabalho aqui", revela o prefeito da cidade que faz divisa com Mansidão, na Bahia.
Outra cidade do extremo Sul que faz divisa com a Bahia e também sofre com a seca é júlio Borges. Segundo o professor Manoel, prefeito da cidade, a falta de chuva prejudica, e muito a lavoura da região.
Quanto a uma solução natural, o prefeito Cristóvão Alencar (PSB) de Francisco Macedo pensa que chuva isolada não resolve, por isso é necessário a ação do governo, enquanto José Lopes Filho (PTB), prefeito de Caridade do Piauí, enxerga que “é preciso buscar a união para conseguir recursos”, comenta.
Fonte: 180graus