Matéria / Geral

Mais de mil denúncias de agressões a menores são registradas no Piauí

08/08/2013 | Edivan Araújo
/

Mais de mil denúncias de violência contra menores foram registradas esse ano no Piauí, mas poucos são os casos que vão a julgamento, a carência de profissionais no judiciário e na polícia faz com que crianças e adolescentes permaneçam nos abrigos por ainda mais tempo.

O Lar da Criança João de Deus, na Zona Norte de Teresina, é um dos quatro abrigos para menores em situação de risco mantidos pelo poder público em Teresina. O local acolhe atualmente 62 crianças de 0 à 12 anos. Segundo a direção da casa, 72% delas são filhas de usuários de drogas e a maior parte carrega o trauma de ter sido vítima de violência sexual.
“Os danos são irreversíveis, a criança pode e deve ser tratada, mas não será curada”, explicou a psicóloga Elenice Macêdo.

Os abusos que os funcionários do abrigo conhecem bem se tornaram públicos após a criação do disk 100, um serviço nacional destinado a proteção de crianças e adolescentes que sofrem algum tipo de violência.

Esse ano de janeiro a julho o disk 100 já registrou 1.106 denúncias do Piauí, no mesmo período do ano passado foram 1.128 denúncias sendo 740 delas de abuso sexual. Os números mostram que a sociedade está denunciando, mas o problema maior está sendo na hora de punir os responsáveis pelos abusos contra crianças e adolescentes.

No ano passado, das 740 denúncias enviadas pelo serviço ao Ministério Público estadual, a maior parte acabou sendo arquivada por falta de provas, 182 viraram processos na justiça, mas em todo o ano de 2012 apenas dois deles foram julgados. O problema é que o juiz responsável pelo julgamento desse tipo de processo acumula funções, já que também, julga crimes comuns e ainda é titular da delegacia de entorpecentes.

A promotora Vera Lúcia, titular da promotoria da Infância e de Juventude de Teresina diz que além do juiz, a delegacia de polícia especializada está sobrecarregada. “Uma delegacia de proteção a criança e ao adolescente na capital não cobre todas essa demanda. No mínimo teria que ter duas delegacias, paras poder conseguir fazer um trabalho do qual esses agressores sexuais fossem punidos”, relatou.

Procurado pela produção da TV Clube o juiz Almir Tajra que hoje responde pela 7ª vara responsável pelos crimes sexuais confirmou a sobrecarga no judiciário, de acordo com ele, se deve principalmente a carência de juízes e a falta de varas exclusivas.

O Tribunal de Justiça informou que possui um avançado estudo para a criação de mais varas criminais e que a instalação do projeto depende de recursos que devem ser liberados no próximo ano, quanto a falta de mais delegacias de proteção ao menor, ninguém da Secretaria de Segurança foi encontrado para comentar o assunto.


Fonte: G1 Piauí

Facebook