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Diagnóstico tardio pode levar à diálise ou óbito precoce em pacientes

08/09/2013 | Edivan Araújo
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Nos últimos 15 anos, a incidência da doença mais do que dobrou e segundo dados d sociedade médica somente 30% dos pacientes conhecem seu diagnóstico.

Na maioria dos casos, o diagnóstico só é feito num estágio avançado da doença, em que as únicas alternativas de tratamento são a diálise ou transplante.

Para os pacientes com a doença já instalada, a correta concentração de vitamina D pode prevenir outras sérias complicações, como fraturas constantes.

Exame simples de sangue pode prevenir a doença instalada em fase inicial

Segundo dados do senso de doença renal crônica da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica está assumindo níveis epidêmicos no Brasil: o número de brasileiros já em diálise, fase final da doença, cresce em cerca de 8% ao ano, porém os especialistas acreditam que a doença ainda é sub diagnosticada. Enquanto no Brasil, para cada milhão de brasileiros, 400 estão em programa de diálise, em países como Estados Unidos e Japão, existem mais de 1.000 pacientes por milhão de habitantes em programa de diálise.

“Esta diferença deve-se ao fato de que muitos brasileiros morrem de doença renal crônica desconhecendo o diagnóstico”, alerta Dr. Hugo Abensur, Professor de Nefrologia da Faculdade de Medicina da USP, coordenador do setor de diálise peritoneal e da Liga de Doença Renal Crônica do Hospital das Clínicas de São Paulo, Presidente da Sociedade Paulista de Nefrologia e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia.

A doença renal crônica é caracterizada pela perda lenta e progressiva da função renal – geralmente “silenciosa”, somente se manifesta quando já em estágio avançado – e tem como causas principais o diabetes e a hipertensão arterial: os níveis elevados de pressão arterial causam um estreitamento dos vasos dos rins e os néfrons (espécie de filtros nos rins) são destruídos progressivamente por falta de irrigação. Anemia, doença óssea (a vitamina D mais ativa é produzida no rim) e elevação da pressão arterial são algumas de suas consequências mais graves.

Existem cinco estágios da doença, de acordo com o grau de lesão e perda da função renal. No estágio cinco, quando o paciente já perdeu mais de 85% da função renal, é necessária uma terapia de substituição da função renal. Caso contrário o paciente evoluirá para o óbito.

 Diagnóstico precoce

Quando a doença é diagnosticada em fase inicial tem tratamento e pode ser controlada. “Medir os índices de creatinina no sangue é uma maneira simples e eficaz de saber se os rins estão funcionando normalmente. É um exame realizado nos mesmos moldes dos testes de glicose e de tantos outros exames de sangue muito comuns. A insuficiência renal é uma doença silenciosa; o paciente só percebe os sintomas quando já está em estágios avançados e deve ser encaminhados para diálise ou para o transplante renal”, informa Dr. Abensur.

A creatinina é um metabólito que circula pelo sangue e serve como um marcador do funcionamento dos rins. É derivada da creatina, substância produzida pela musculatura que, ao transformar- se em creatinina, deve ser eliminada pelos rins. O valor da creatinina em indivíduos normais apresenta uma variação em relação ao sexo e ao volume de massa muscular. A sua concentração no sangue é maior nos homens e nos atletas. Nas mulheres, crianças e idosos, a concentração sanguínea é, proporcionalmente, menor. Seus valores aumentam à medida que ocorre a diminuição da função dos rins; por isso, são utilizados como marcadores da função renal. Os aumentos se tornam significativos quando existe uma perda de mais de 50% da função dos rins.

Tratamentos e Papel da vitamina D

A Doença Renal Crônica em estágio avançado pode afetar a função óssea, levando o paciente a fraturas constantes, dores crônicas, problemas vasculares e morte prematura. Esta condição, chamada de “Hiperparatiroidismo Secundário”, pode ser controlada por outro teste simples de sangue, que mede a concentração de cálcio no sangue, permitindo melhor controle dos níveis de vitamina D e, consequentemente, melhor qualidade de vida para o paciente já em estágio avançado da doença.

Repórter: Virgiane Passos - Jornal O DIA

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