Um homem de 36 anos foi preso acusado de matar a esposa e esconder o corpo em uma parede falsa da casa onde moravam, na Zona Sul de São Paulo.
Na quinta-feira (16), Silvio Paulo dos Santos mostrou aos investigadores, segundo a polícia, onde estava o corpo da piauiense Ana Katarina da Silva Sousa, 29 anos, natural do município de Buriti dos Lopes e confessou ter assassinado a vítima na manhã de 1º de julho, depois de uma briga.
Por volta da 1h da manhã do dia 2, fez um buraco na parede do vão da escada, colocou ali o corpo e concretou novamente o local, pintou, e colocou um móvel em frente, de acordo com as investigações. "Ele já havia feito bicos com construção e sabia como fazer", disse a delegada Ana Lúcia Lopes Miranda, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
DESAPARECIMENTO
Segundo a polícia, Santos registrou um boletim de ocorrência do desaparecimento da esposa no dia 3 de julho. Ele teria sido pressionado pelo tio da vítima, que trabalhava como zelador no condomínio em que ela era faxineira, e não a via desde 30 de junho.
Em seu depoimento inicial, o marido disse que, na manhã do dia 1º, Ana Katarina saiu para trabalhar e depois decidiu ir embora, abandonando a família. Mas, segundo a polícia, amigos da vítima não acreditaram que ela iria embora sem os filhos.
As investigações mostraram que a vítima mantinha um caso extraconjugal e falava constantemente no celular com o namorado. O homem foi questionado pela polícia, e afirmou que Ana Katarina parou de responder suas mensagens na manhã do dia 1º.
Confissão
Segundo a delegada, Santos foi interrogado por quatro horas na quinta-feira (16) até confessar o crime. A perícia concluiu que havia uma grande quantidade de sangue nos rejuntes no chão da casa, que ele atribuiu a um corte no dedo da esposa.
Durante a confissão, o marido disse que, na manhã do crime, Ana Katarina pediu que ele levasse os dois filhos que tinham juntos, um de 2 anos e outro de 4 anos, à escola, por conta da greve das vans escolares. Ele teria se recusado e os dois brigaram. Ela tinha ainda um filho de 8 anos de outro relacionamento, que não morava com o casal.
Na discussão, Santos diz que Ana Katarina o ofendeu e deu um tapa em seu rosto. Ele reagiu com um soco que a deixou desacordada e golpeou a vítima na barriga com uma faca de cozinha, de acordo com a polícia. Santos destruiu ainda o celular da esposa.
Quando perguntado sobre a localização do corpo, porém, hesitou. "Ele trabalhava como cozinheiro e disse 'cortei em pedaços, coloquei em sacos e distribuí'", disse a delegada. Logo depois, pressionado, ele contou a verdade. "Ele apontou para a parede e disse 'ela está ali'".
Os bombeiros retiraram o corpo, já em estado de putrefação. Santos mostrou ainda, de acordo com os investigadores, a arma do crime, a faca que ele havia devolvido à gaveta da cozinha.
A polícia afirma que não há evidências de que o crime tenha sido premeditado, mas diz que o marido tinha um histórico de comportamentos agressivos. Amigas da vítima relataram que ele já havia forçado Ana Katarina a ter relações sexuais contra a sua vontade.
Ana Katarina já havia pedido a separação e esperava o dia 10 de julho, quando receberia o salário, para sair de casa, conforme o depoimento de Santos à polícia. O casal já havia se separado no fim de 2014 por três meses por conta de outro caso extraconjugal de Ana Katarina, mas voltaram em janeiro.
Durante a primeira separação do casal, ela chegou a registrar um boletim de ocorrência contra ele. Segundo a polícia, ele soube da infidelidade e forçou a esposa a revelar a senha do celular. Ela fugiu da casa logo depois de dizer o código e foi à delegacia.
Santos disse à polícia que aceitou bem a separação e que não sabia que a vítima estava tendo um caso no momento do crime. Segundo a delegada, ele se diz arrepender de ter matado a esposa.
O acusado está em prisão temporária que pode durar até 15 dias. A polícia afirma que vai pedir a prisão preventiva para mantê-lo detido por mais tempo. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Santos para comentar o caso.
Fonte:Â Com informações do G1