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Alagoinhas do PI recordista em número de analfabetos é destaque na Globo

Em Alagoinha, 73% das crianças e jovens até 19 anos estão matriculados nas escolas

22/07/2015 | Edivan Araujo
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Treze milhões de brasileiros não sabem ler e escrever. O número representa 8,7% da população acima de 15 anos. Isso significa que o Brasil não vai cumprir um pacto internacional de reduzir pela metade o analfabetismo de adultos até o fim do ano.

Segundo o IBGE, o município de Alagoinha do Piauí é o recordista em número de analfabetos do Brasil. O dinheiro para alfabetizar adultos vem do Governo Federal e o Ministério Público investiga a utilização desta verba na cidade. “Muito provavelmente esse índice constatado pelo IBGE não condiz com a realidade. Trata-se, muito provavelmente, de um número que é utilizado também para a prática de fraudes, porque essa verba relativa ao Brasil Alfabetizado é proporcional ao número de analfabetos do município”, explica Maria Clara Lucena, procuradora federal.

Por ser o município com o maior número de analfabetos, no ano passado Alagoinha tinha também o maior número de alfabetizadores. Eram 42 professores, que ganhavam R$ 400 por mês, além dos oito coordenadores, que recebiam R$ 600 mensais.

Na investigação, o Ministério Público descobriu que os coordenadores e alfabetizadores formavam as turmas, mas não ministravam aulas. Muitos dos que se diziam analfabetos, na verdade, sabem ler e escrever. “Eles davam seus nomes apenas para fazer número. Para que esses alfabetizadores e coordenadores pudessem formar turmas e assim receber suas bolsas”, explica a procuradora.

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O programa é federal, mas cabe ao município acompanhar a aplicação do dinheiro. Nas ruas, a população revela que era convidada a participar do programa, apenas para que as turmas fossem preenchidas, mas o secretário municipal de Educação, Márcio Ribeiro, afirma que não tem conhecimento da prática.

Ao fim do curso, os educadores tinham que apresentar um relatório sobre o desempenho de cada aluno. Os documentos apresentados são todos exatamente iguais. Márcio Ribeiro diz não estranhar o fato dos relatórios dos alunos serem iguais. “O município é um município muito pequeno. Esses professores se encontram diariamente. Nessas conversações eles podem ter chegado em um comum e tinham o modelo dos relatórios”, diz Márcio Ribeiro.

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A coordenadora do projeto no município não atendeu as ligações. Por email, o Ministério da Educação disse que cortou a verba do programa até a apuração das denúncias.
Em Alagoinha, 73% das crianças e jovens até 19 anos estão matriculados nas escolas, mas 18% dos alunos desistem antes de terminar o Ensino Médio. O trabalho no campo e o casamento tiram os adolescentes da escola antes de concluírem os estudos.

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Pessoas que conhecem letras e números, mas não conseguem ler ou fazer contas são chamadas de analfabetas funcionais. Uma pesquisa mostra que esta é a condição de 27% dos adultos brasileiros. “Geralmente se somam fragilidades uma em cima da outra. Ele vem da família mais frágil, a mãe não tinha escolaridade, não pode dar atenção, ele foi para a escola mais fraca, foi ficando para trás e o professor não deu tanta atenção para ele. Reprovar também não é a solução. Você está penalizando a criança por uma falha que é do sistema como um todo. Vamos focar em fazer ela, de fato, aprender. É possível”, afirma Ana Lúcia Lima, diretora do Instituto Paulo Montenegro.

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Fonte: Com informações do Profissão Repórter

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