A TV Cidade Verde, mais uma vez, foi ao município de Castelo do Piauí (a 190 km de Teresina) e conseguiu entrevista exclusiva com  familiares de dois dos adolescentes condenados pelo estupro coletivo no mês de maio. Documentos obtidos pela reportagem, mostram depoimentos de internos do Centro Educacional Masculino (CEM) indicando que Gleison Vieira da Silva, 17 anos, teria confessado ter praticado o crime sozinho e que receberia R$ 2 mil para incriminar os outros três menores.
Para pedir a reformulação da sentença, os defensores dos quatro menores infratores, apostam na confissão da garotas - de que apenas uma pessoa teria participado do crime - e no material genético colhido nas vítimas, que seria apenas o do Gleison.Â
Uma pessoa, que acompanhou o depoimento das garotas, diz que os jovens condenados têm álibis. “Elas só relatam apenas esse rapaz...Elas não lembram de outro. Não lembram de mais nada. O por quê, a gente não sabe”, disse.
Em entrevista, o pai de um dos garotos reforça que o filho não teve participação no estupro coletivo, mas foi obrigado a confessar um crime que não cometeu e ainda sofreu agressões.
“Uma pessoa disse que meu filho e outro dos meninos sentenciados passaram a tarde trabalhando e quando saíram de lá foram beber cachaça. Meu filho foi capturado no dia 27 e forçado a confessar. Colocaram ele dentro de um carro e ficaram rodando com ele, levaram ele para depois do portal, bateram nele e soltaram. De manhã, ele já apareceu como culpado”, disse Francisco Jerônimo, pai de um dos garotos.Â
Já Patrícia Visgueira, mãe de um dos meninos, afirma que Gleison Vieira teria confessado à família dele sobre o suposto trato e que, em breve, a verdade seria revelada.Â
“Em uma das visitas, a mãe do Gleison falou pra gente dentro do carro: calma, tenham paciência que eu tenho certeza que meu filho vai falar a verdade, pois eu conheço ele. Daí eu perguntei qual a verdade? A mãe dele falou para deixar quieto que um dia a gente ia saber”, disse Visgueira.Â
A suposta revelação seria a confissão de Gleison Vieira que teria recebido a proposta de R$ 2 mil e mais a defesa de um advogado para cometer um crime que causasse a sensação de insegurança na cidade.Â
“Em outra visita ela (mãe de Gleison) fez o comentário...o trato que tinha sido feito não foi cumprido", disse a mãe de um dos menores infratores acrescentando ainda que o filho não cometeu o crime. "Se meu filho cometeu esse crime e for da vontade da Justiça e de Deus que ele pague, mas pagar por uma coisa que não fez é demais”, reitera Patrícia Visgueira.Â
Francisco Jerônimo reforça ainda que o filho dele teria falado que “iria lascar com o rapaz que tinha prometido dar R$ 2 mil e pagar um advogado. Ele (Gleison) falou para mãe dele que até agora o que tinha sido prometido, não havia sido cumprido. Eu já corri atrás das provas e testemunhas e o juiz não fez nada e condenou os meninos”, disse o pai.
A permanência da equipe da TV Cidade Verde ao município de Castelo do Piauí foi interrompida pela perseguição de pessoas não identificadas em motocicletas. Em toda a cidade, percebe-se o sentimento de apreensão dos moradores.
Fonte:Cidade Verde