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É comum presenciar, todos os dias, cenas de desrespeito às leis de trânsito e, por conta disso, muitas pessoas acabam sendo vítimas, sofrendo traumas, muitas vezes irreversíveis, e até perdendo a vida. Essa realidade afeta, inclusive, os pedestres, que acabam se arriscando entre os veículos e não obedecem as sinalizações.
A auxiliar administrativo Alline dos Anjos Marques, de 20 anos, conta que sente muito medo ao atravessar qualquer rua ou avenida, e que sempre tem o cuidado de olhar para os lados antes de passar para o outro lado da via. Ela disse que já presenciou atropelamentos de pedestres que preferiram não passar na faixa de pedestres e acabaram sendo colhidos por um veículo.
“Isso já aconteceu uma vez até comigo e com meu pai. Uma menina atravessou sem ser na faixa de pedestre e passou na frente da moto do meu pai, mas, por sorte, ele anda devagar e não aconteceu nada demais, só caímos mesmo”, disse.
Para ela, os pedestres sabem dos riscos que correm ao não atravessarem nas faixas, mas evitam a conduta correta para encurtar o percurso. Alline dos Anjos ainda acrescenta que “eles [os pedestres] sabem que são mais vulneráveis, aí sempre dizem que a culpa é do que está no transporte. Se caso acontecer algo, mesmo o pedestre estando errado, o motorista vai ser sempre o culpado. Eles fazem isso porque são irresponsáveis e têm preguiça de caminhar até um local com faixa”, argumenta.
A digitadora Márcia Beatriz Pereira de França Lima, de 25 anos, também afirma que tem o cuidado de olhar para os dois lados antes de atravessar alguma via, justamente por saber que a maioria dos condutores não respeitam a passagem dos pedestres. Ela também já presenciou uma pessoa sendo atropelada, inclusive por motoqueiros, tanto na faixa de pedestre como em outros trechos da via.
Ela conta que anda de motocicleta e sempre que avista um pedestre tentando atravessar tenta reduzir a velocidade; contudo, nem sempre é possível, ainda mais quando logo atrás vem outro veículo em alta velocidade.
“Eu reduzo a velocidade todas as vezes que vejo alguém aguardando em frente a uma faixa de pedestre querendo passar, mas quando olho no retrovisor e vejo que tem um carro que não está reduzindo a velocidade, eu não paro. Não paro porque eu quase ia sendo atropelada por um carro que vinha atrás de mim e tive que subir o canteiro para o carro não passar por cima”, relata. De acordo com Márcia Beatriz, falta mais conscientização por parte dos motoristas, mas também pedestres.
Morrem mais pedestres homens e com idade superior há 60 anos
Segundo o Boletim Estatístico da Seguradora Líder-DPVAT, no primeiro semestre de 2015, os pedestres ficaram em segundo lugar nas indenizações por acidentes fatais (27%).
Dados do relatório anual do Projeto Vida no Trânsito 2014 comparam dados com 2013 e apontam que houve um aumento de pedestres vítimas do trânsito em Teresina. De acordo com o relatório, levando em conta os acidentes com vítimas fatais e graves, em 2014, foram registradas 126 mortes do sexo masculino (85,7%), e 21 do sexo feminino (14,3%); enquanto que no ano de 2013 foram registradas 128 mortes do sexo masculino (87,1%) e 19 do sexo feminino (12,9%).
Já a faixa etária dessas vítimas também sofre variação. Em 2014, foram registradas 24 mortes de jovens com idade entre 18 e 25 anos (16,3%); e 39 com pessoas entre 26 e 35 anos (26,5%). Enquanto em 2013, foram registradas 36 de mortes de pessoas entre 18 e 25 anos (24,5%); e 35 de vítimas com idade entre 26 e 35 anos (23,8%).
Ainda de acordo com dados do relatório, 17% de pedestres foram vítimas de acidente de trânsito em 2013 e, em 2014, esse percentual aumentou para 19%. Outro dado do relatório aponta que as principais vítimas pedestres de acidente de trânsito são do sexo masculino.
Em 2013, foram registradas 52,4% ocorrências de pedestres que morreram vítimas do trânsito, enquanto que, em 2014, foram registrados 82,2% dos pedestres vítimas fatais, todos do sexo masculino. O relatório revela que 50% dos pedestres que morreram em decorrência de acidente de trânsito, em 2014, e 47,6%que faleceram em 2013 eram pessoas maiores de 60 anos. Segundo Samyra Mota, gerente de Educação de Trânsito da Strans, os idosos são as principais vítimas devido à dificuldade de locomoção.
Fonte:Jornal O DIA
