Matéria / Politica

Pedro Barusco diz que recebia propina da Odebrecht no exterior, em processo

Executivos ligados à empreiteira também foram ouvidos por Sérgio Moro

30/10/2015 | Edivan Araujo
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O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco foi interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro nesta quinta-feira (29), em processo que responde por irregularidades em contratos da estatal com a Odebrecht. Ele afirmou que tratava de pagamentos de propina com o diretor Rogério Araújo, também réu da ação, e que já deixou a empresa.

Além dele, foram interrogados três executivos ligados à Odebrecht, mas que já deixaram as atividades na empreiteira. Alexandrino Alencar, Paulo Boghossian e César Ramos Rocha foram ouvidos pelo juiz. Os três negaram ter participado ou ter conhecimento de irregularidades.

Barusco, que é delator da Lava Jato, afirmou que sempre recebia propina da Odebrecht em contas na Suíça. “Eu só verificava na conta se caiu determinada quantia, mais nada, quem tratava tudo era a Odebrecht”, afirmou Barusco ao juiz. Ele disse, ainda, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também recebeu dinheiro de propina da Odebrecht.

Segundo Barusco, Vaccari costumava se reunir com o diretor de Serviços da estatal Renato Duque. “Ele se reunia com Vaccari e trazia assim uma espécie de um bilhete, um papel, com algumas solicitações. Tinha alguns pedidos assim, pô, não dá pra incluir tal empresa ou tirar alguma empresa, alguma coisa assim”, disse.

A defesa de João Vaccari Neto disse que o cliente nunca interferiu na escola de empresas pela Petrobras, e que Vaccari sempre se limitou à atividade de tesoureiro do PT, captando doações legais.

Em nota, o PT afirmou que todas as doações recebidas pelo partido foram feitas dentro da legalidade e declaradas à Justiça Eleitoral.

O advogado de Renato Duque disse que não há nenhuma prova de favorecimento a empreiteiras.

A defesa de Rogério Araújo disse que vai se manifestar no processo.

A assessoria da Odebrecht informou que a empresa não vai se manifestar.

Ex-executivos
Alexandrino Alencar, que foi diretor da Braskem – braço petroquímico da Odebrecht -, admitiu que teve contatos com Paulo Roberto Costa e com Alberto Youssef, mas negou que tenha tratado de pagamentos de propina.

Com Paulo Roberto Costa, Alencar disse que se reuniu para tratar de preço da nafta, matéria prima da indústria petroquímica e cuja operação era monopolizada pela Petrobras. Segundo ele, porém, as conversas não resultaram em avanços concretos no preço do insumo. Já com Youssef, os temas das conversas eram cenário político e doações oficiais para o PP.

César Ramos Rocha, que era gerente financeiro da área de engenharia industrial da Odebrecht, afirmou que apenas tratou com Youssef sobre um pedido do doleiro para que empresas dele prestassem serviços para a Odebrecht. Ele disse que nenhum negócio foi fechado por ele, e negou ter feito pagamentos no exterior.

Outro que também prestou depoimento foi o engenheiro Paulo Sérgio Boghossian. Ele foi gerente da construção de uma filial administrativa da Petrobras em Vitória, entre os anos de 2007 e 2011. Ele negou ter feito pagamentos de propina a funcionários da Petrobras e disse que não acredita em influência externa para a execução da obra. Segundo Boghossian, o consórcio acabou ficando com um prejuízo de R$ 90 milhões.

Fonte:180graus

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