Matéria / Polícia

Bandidos abrem contas na Caixa para aplicar golpe do sequestro pelo celular

A Polícia Civil do Piauí já sabe que 90 por cento dos bandidos autores dos golpes no Piauí, estão recolhidos em presídios de vários Estados.

02/04/2016 | Edivan Araujo
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Vem aumentando assustadoramente o golpe praticado geralmente por presidiários, do falso sequestro, quando a vítima é abordada por telefone, sendo avisada que um familiar próximo (pai, mãe, filho...) estaria em “mãos de seqüestradores” e precisa depositar um valor na conta bancária indicada pelo criminoso. Os bandidos inovam na modalidade. Hoje, já usam até a banco estatal para receber o dinheiro do “resgate”: contas abertas na Caixa Econômica Federal estão sendo usadas para repassar o dinheiro aos bandidos, numa espécie de “movimentação do dinheiro crime”.
A Polícia Civil do Piauí já sabe que 90 por cento dos bandidos autores dos golpes no Piauí, estão recolhidos em presídios de vários Estados. Usando telefones celulares, eles fazem vítimas em todo o Brasil, como informa o delegado geral Riedel Batista. Telefonam usando métodos ameaçadores ao familiar, dizendo que “estão em poder” de um parente. Fingem até gritos da pessoa supostamente seqüestrada. Dão espaço de tempo muito curto para a pessoa efetuar o depósito. Ultimamente não deixam nem a pessoa desligar o telefone. Mandam a pessoa ir correndo ao banco para fazer a transferência do dinheiro, com ele (bandido) ao celular.

A última vítima, em Teresina, foi na no começo da semana. A filha da vítima relatou nas redes sociais que sua mãe sempre foi muito protetora, corajosa, que ficou desesperada, em pânico, ao receber um telefonema anunciando o suposto seqüestro da filha mais nova. A mulher seguiu a risca as orientações dos bandidos, sem dividir com ninguém o seu drama. Depositou R$ 3.500,00  em uma conta da Caixa Econômica, cujo titular é do Rio de Janeiro. “Não bastasse, constata-se que bancos públicos estão sendo usados para operacionalizar o golpe”, escreveu a filha da vítima.


A mãe teve que fazer três operações diferentes, orientada pelos bandidos. As três contas foram abertas na Caixa Econômica, no Rio de Janeiro. 

Palavra da Caixa
A Assessoria de Imprensa da Caixa Econômica, em Teresina, informa que o critério de abertura de contas é usado para todas as pessoas, em todo o país. A pessoa que vai abrir conta necessita ter cópias e a documentação original. Comprovante de residência, de renda. Em caso de alguma suspeita de documento falso é acionada a Polícia Federal.

Quanto ao uso da conta para fins ilícito, a Caixa informa que ao tomar conhecimento, leva o caso para a Polícia Federal que se encarrega das investigações.

Orientação da polícia
Riedel Batista, delegado geral da Polícia Civil do Piauí, pede as pessoas que, ao receberem qualquer ligação desse tipo, que avise imediatamente a polícia, ou a pessoa que estiver mais próxima. “A primeira coisa que os bandidos fazem é pedir o silêncio da vítima. O que a pessoa tem que fazer, antes de tomar qualquer atitude, é pedir ajuda e tentar falar com a pessoa que supostamente se encontra seqüestrada”.

Caso antigo
Quando superintendente da Polícia Federal no Piauí, o deputado Robert Rios foi avisado que, pelo telefone, um sujeito ameaçava matar um grande empresário no Estado. Ele exigia a quantia de R$ 30 mil. Passando-se como gerente da empresa, Rios passou a manter contato com o bandido que, ao final, acertou que fosse depositada a importância de R$ 5 mil. 

O bandido forneceu o número da conta bancária, num banco privado, aberta em Macaé, no Rio de Janeiro. Na agência de Teresina, Rios conseguiu o nome e o endereço do titular da conta, que era uma mulher, chamada Maria Moraes. Com esses dados, o então delegado informou ao bandido que já havia depositado o dinheiro.

Minutos depois, o bandido liga ameaçador, informando que não havia dinheiro algum na conta. Astuto, Robert Rios disse a ele até o nome e o endereço da pessoa para quem foi depositado o dinheiro, provocando no bandido a suspeita de que havia sido traído pela comparsa. O resultado da história entre eles, lá em Macaé, ninguém ficou sabendo.

Fonte:Portal Az

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