A justiça condenou Fidel Caster Nonato Bastos, por duplo homicídio, durante sessão do Tribunal do Júri realizada, em Curimatá. Fidel Caster é irmão do ex-juiz Osório Marques Bastos, que já foi reconhecido como um dos maiores líderes do crime organizado no Piauí.
Osório Bastos faleceu em 2013, respondendo a 12 ações penais, por pistolagem, homicídios, porte ilegal de armas restritas, falsificação de cartas precatórias e favorecimento de criminosos, dentre outros delitos.
Em 2008, contando com o apoio e a proteção de seu irmão, Fidel Caster invadiu a residência de José Carlos Tavares de Lima, que seria um de seus desafetos, e matou a vítima a tiros. O réu estava acompanhado pelo comparsa Wyngredy Nunes da Silva, que também foi morto, a título de “queima de arquivo”.
Os Promotores de Justiça Ari Martins e João Malato representaram o Ministério Público durante o julgamento.
O trabalho da instituição foi fundamental: na época dos acontecimentos, o Promotor de Justiça Rômulo Paulo Cordão, então respondendo pela comarca de Curimatá, conduziu as investigações e a instrução dos processos correspondentes, o que resultou na prisão dos dois irmãos.
De acordo com as apurações, Fidel e Osório Bastos eram inimigos de “Zé Carlos”. Osório prestou auxílio material e intelectual para a execução do crime, inclusive fornecendo armas.
Fidel Caster foi condenado a 37 anos de prisão, de acordo com a sentença assinada pelo Juiz de Direito Elvio Íbsen Coutinho. O réu já estava preso, em regime provisório, há sete anos.
Para Rômulo Cordão, a condenação foi um marco para o combate à impunidade. “Em vida, Osório Bastos sempre desfrutou da noção de que era intocável, por sua condição de magistrado. Arquitetava crimes, executados por comparsas, e depois ele mesmo julgava as pessoas que acobertava. Foi acusado de participação em diversos homicídios, sem falar nos casos de venda de sentença, grilagem de terras, assaltos a bancos”, relata o promotor.
Entre os diversos crimes chocantes que contaram com a participação de Osório Bastos, está a morte de José Hugo Alves Júnior, o Huguinho, morto a mando do ex-deputado federal Hidelbrando Pascoal, um assassinato cruel que chamou a atenção de todo o Brasil. “Osório entregou o preso a Hidelbrando em troca de dinheiro”, afirma o Promotor de Justiça.
“A atuação firme do Ministério Público foi decisiva para a prisão do ex-juiz, em 2006. Agora, a condenação de Fidel Caster representa o encerramento de um ciclo de muito trabalho no enfrentamento ao crime organizado e à impunidade. Para nós e, principalmente, para a sociedade piauiense, a sentença significa uma renovação da esperança no sistema de Justiça”, complementa.
Fonte:Portal Az