Existem as mentiras, as mentiras sujas e as estatísticas, dizia Disraeli. As estatísticas não são uma mentira, mas ajudam a relativizar a verdade ou permitir uma releitura mais agradável da realidade.
Tomemos o caso do Anuário Brasileiro de Estatística, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e que coloca São Paulo como um Estado menos violento que o Piauí.
A base de dados é 2015, quando houve no Piauí 609 homicídios dolosos (quando há a intenção de matar). Esse número equivale a 1,16% do total deste tipo de crime no país, que foi de 52.463. São Paulo teve 3.963 homicídios dolosos, ou 7,55%.
Mesmo tendo seis vezes e meia mais homicídios dolosos que o Piauí, do ponto de vista estatístico, considerando a ponderação do número desses crimes por 100 mil residentes, São Paulo é menos violento.
Na relação de homicídios dolosos por 100 mil habitantes, São Paulo fecha em 8,9 e o Piauí mais que dobra, com 19.
Em números absolutos de homicídios dolosos, o Piauí é a sexta unidade da Federação com menor quantidade de cadáveres produzidos intencionalmente. Em 2015, Roraima teve 74 homicídios, o Acre, 192, Amapá, 254, Tocantins, 369, Rondônia, 523, Mato Grosso do Sul, 556 e o Piauí, 609.
Todos esses Estados juntos somaram 2.577 homicídios dolosos, que é menos da metade dos 5.708 crimes ocorridos na Bahia, que lidera em números absolutos.
Roraima, com 74 homicídios dolosos, em 2015, é um lugar muito mais violento que Santa Catarina, que registrou 12 vezes mais esse tipo de crime: 827. Isso graças à ponderação do número de homicídios dolosos por 100 mil moradores. Em Santa Catarina, 12,1 e em Roraima, 14,6.
Estão erradas as estatísticas? Não, mas há sempre uma forma de enxergar as coisas de modo diferente.
Fonte: Portal Az